Informativo GEA
Compactação do Solo: causas e efeitos
O solo é formado por partículas sólidas e por espaços vazios preenchidos por ar e água, assim como demonstrado na figura 1. Nesses espaços vazios são encontrados os poros de variados tamanhos, que são classificados em física do solo como macroporos, quando são maiores de 0,08 mm de diâmetro; e microporos, quando são menores de 0,08 mm (BRADY; WEIL, 2013). Sendo assim, os poros maiores são responsáveis pela dinâmica dos fluidos, ou seja, pela rápida infiltração de água e difusão de ar, além de também acomodarem as raízes das plantas e uma grande variedade de pequenos animais que habitam o solo. Já os microporos são responsáveis pela retenção de água, onde os que apresentam maior tamanho podem acomodar pelos radiculares e microrganismos, e os microporos de menor tamanho, por sua vez, são tão pequenos que não permitem até mesmo a entrada das menores bactérias.
Dessa forma, o solo apresenta uma quantidade de poros, sendo eles, como já mencionado, os macro e microporos. Entretanto, pode acontecer uma redistribuição nessa porosidade existente do solo em relação a quantidade do espaço poroso por motivos de origem antrópica ou natural, que causam um aumento da densidade do solo e diminuição da quantidade de ar presente nos espaços entre as partículas do solo. Em outras palavras, acontece um processo no solo denominado como compactação, que é quando esse processo é causado pelo homem. Em suma, o processo de compactação é, então, a expulsão do ar contido no solo por motivos de origem antrópica. Ademais, além da compactação, o solo também pode sofrer o processo denominado como adensamento, que é quando essa redistribuição do espaço poroso do solo é causado naturalmente.
Então, na medida em que os solos são cultivados, as práticas agronômicas usuais podem desequilibrar sua estrutura e causar a compactação. Dentre os fatores mais problemáticos podem ser citados a necessidade de máquinas cada vez mais pesadas visando aumentar o rendimento operacional, o trânsito nas lavouras em épocas de alta umidade do solo e a produção insuficiente de palhada e ausência de rotação de culturas efetiva nos sistemas de produção.
Sendo assim, a compactação do solo é um dos fatores limitantes da qualidade física das terras agrícolas, prejudicando a obtenção de maiores índices de produtividade. Ademais, ela também é um dos principais causadores da degradação dos solos agrícolas. Portanto, o desenvolvimento das plantas é menor em solos compactados e isso tem sido atribuído ao impedimento mecânico ao crescimento radicular (figura 2), o qual resulta em menor volume de solo explorado, menor absorção de água e nutrientes e, consequentemente, menor produção das culturas.
Então, a melhor forma de manejo da compactação do solo é evitar que ela aconteça na propriedade. Entretanto, isso só é possível com um efetivo sistema de rotação de culturas e com o controle de tráfego de máquinas pesadas na área. Sendo assim, o controle de tráfego ajustando a bitola de todos os implementos para rodar sempre pelo mesmo rastro é uma opção, já que dessa forma a área compactada é limitada e o restante da lavoura é mantido livre do problema de compactação do solo e de amassamento de plantas. Ademais, também é importante evitar o tráfego em condições de solo muito úmido, haja vista que a umidade agrava a compactação. E, como mencionado anteriormente, a rotação de culturas é essencial, já que ela aumenta o aporte de carbono no solo, que funciona como substrato para estruturação e aumento da matéria orgânica. Onde, por sua vez, mantém a sua qualidade estrutural e a estabilidade de agregados, sendo essas características desejadas para um solo agricultável.
A compactação, então, é um problema para a agricultura, levando em consideração que esse aumento na densidade do solo irá atrapalhar a difusão do oxigênio no solo, diminuir a infiltração da água, além de também dificultar o desenvolvimento das raízes das culturas. Portanto, a compactação poderá contribuir para que haja uma diminuição da produtividade. Sendo assim, é necessário manejar o solo de forma que a compactação seja minimizada para evitar esse problema.
Redigido por:
Inayê Parente
Referências:
BARDET, J. P. Experimental soil mechanics. New Jersey 07458: By Prentice-Hall, Inc., Simon & Schuster/A Viacom Company, Upper Saddle River, 1997. 579 p.
BRADY, Nyle C.; WEIL, Ray R.. Elementos da natureza e propriedades dos solos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2013. 624 p.
GUBIANI, Paulo Ivonir; REINERT, Dalvan José. Desafios para recomendar descompactação do solo. Plantio Direto, [s.i.], v. 171, p. 15-23, 2019.
RICHART, Alfredo; TAVARES FILHO, João; BRITO, Osmar Rodrigues; LLANILLO, Rafael Fuentes; FERREIRA, Rogério. Compactação do solo: causas e efeitos. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 26, n. 3, p. 321-344, set. 2005.
Fonte: BARDET, 1997.
Figura 1 - princípios da compactação do solo.
Figura 2 - desenvolvimento radicular de milho com restrição ocasionada pela compactação.


Fonte: Pioneer Crop Focus.





