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Informativo GEA

Plantio mecanizado na cana-de-açúcar
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A cultura da cana-de-açúcar (Saccharum spp.) é, atualmente, a terceira cultura com maior participação no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, com sua cadeia totalizando, em 2022, R$ 96 bilhões (CEPEA, 2023) e cultivo de cerca de 8,29 milhões de hectares. A produção mundial dessa gramínea é de cerca de 1,7 bilhões de toneladas, sendo que destas, 650 milhões de toneladas são oriundas do Brasil, o maior produtor mundial da cultura (CONAB, 2023). Em consequência das obrigações impostas nas últimas conferências entre as partes das nações unidas (COPs), o uso de fontes renováveis e de energia limpa foi favorecido, fazendo com que o etanol, um dos principais fins da cana-de-açúcar e combustível alternativo aos petrolíferos, apresente um grande potencial de interesse externo, aumentando assim a demanda de produção da cultura (DIESSE, 2017). Dessa maneira, visando aumentar a eficiência operacional, a adoção da mecanização do plantio de cana-de-açúcar é umas das formas de garantir eficiência operacional da demanda atual e suportar um maior requerimento de tal produto no futuro (OMETTO, 1997).

Uma vez que a cultura da cana-de-açúcar é caracterizada como uma cultura perene (LANDEL,2018), seu plantio é feito na mesma área com intervalo de cerca de 5 anos, enfatizando a necessidade de uma boa qualidade de plantio. Em adição, com a proibição da queima da cana-de-açúcar para corte em 2008, o uso de mão-de-obra no setor canavieiro foi reduzido por conta da necessidade de substituição por máquinas. A partir desse momento, a mão de obra originária principalmente dos estados do Norte e Nordeste, que era responsável por suprir a necessidade de mão de obra tanto o plantio quanto a colheita da cana-de-açúcar, foi reduzido.

 Além disso, com o avanço da terciarização e urbanização da economia ao longos dos anos, a operação manual de plantio da cultura canavieira sofreu um grande aumento no custo e uma carência de oferta.

O principal método de plantio ainda utilizado é o semimecanizado, erroneamente chamado de manual, tendo operações separadas de sulcação e adubação, plantio de cana inteira de forma manual e cobrição com tratamento dos toletes. Dessa maneira, pode-se inferir que é necessário o trabalho manual tanto na colheita dos colmos para desdobra quanto para sua distribuição na área a ser plantada.

Além disso, a imposição de leis trabalhistas no setor canavieiro, visando principalmente aumentar a sustentabilidade e a qualidade de vida dos trabalhadores rurais, acabaram por proibir a modalidade de plantio em que os trabalhadores operavam suspensos, geralmente sobre caminhões sem nenhum tipo de proteção, conhecido como plantio com “carretinha”, para a distribuição de mudas no sistema de plantio semimecanizado. Tal proibição corroborou para uma pior qualidade de plantio. Sendo assim, o impulsionamento da mecanização de plantio é uma realidade intrínseca ao setor canavieiro.

Figura 1- plantio semimecanizado com a modalidade de distribuição de mudas denominado "carretinha"

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Fonte: Agrocana canal

Já o plantio mecanizado é capaz de unir todas as operações em um só processo. Quando se utilizam mudas essas devem ser picadas, assim, as plantadoras são classificadas como “Plantadora de Cana Picada” ou “PCP”

Figura 2- transbordagem de cana picada em uma plantadora de cana picada

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Fonte: revista cultivar

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Dentre as principais vantagens da adoção do plantio mecanizado podemos citar: a eficiência operacional (média de 1,8 ha.h-1), em relação à menor capacidade média de um trabalhador de 0,03 há. h-1; a maior tecnificação e adoção de tecnologias de geolocalização aumentando o paralelismo entre linhas e manutenção da umidade de solo pela não exposição de sulco aberto por maior tempo e, principalmente, a redução de custo de operação, que, de acordo com Beauclair et al (2008) é reduzido em 20% devido à economia no salário dos trabalhadores.

Todavia, o plantio mecanizado apresenta consideráveis ressalvas, principalmente em relação à disposição dos rebolos no corte das gemas, em que a colheita mecanizada pré plantio diminui a viabilidade das gemas por apresentar maior agressão e danificação às gemas do que a colheita manual, necessitando assim o maior gasto de colmos por hectare, em que de acordo com Beauclair et al (2008), aumenta de média de 12 T.ha-1 no semimecanizado para 24 T.ha-1. Além de tal problemática, algumas plantadoras de cana picada do mercado atual não possuem esteiras de distribuição com alta eficiência, gerando falhas nos plantios que comprometem fortemente a longevidade e a produtividade do canavial.

Figura 3: colmos inteiros no plantio semimecanizado.

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Fonte: revista cultivar

Figura 4: disposição de colmos picados no plantio mecanizado.

Fonte: revista cultivar

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Contudo, a adoção do plantio mecanizado na cana-de-açúcar é uma prática cuja necessidade é cada vez maior sobretudo pela carência de mão de obra. Todavia ainda há urgência de adoção de maiores tecnologias, como aprimoramento das esteiras, para que tal prática apresente rentabilidade e sustentabilidade ao setor.

Redigido por:

Kõta-gota - Vinícius Orlando Davoglio

Referências bibliográficas:

BARÃO, C.O. Avanço do plantio mecanizado. Revista Canavieiros, Sertãozinho, 2017.

BALASTREIRE, L.A. Máquinas agrícolas. 3.ed. Piracicaba, 2007. 307 p.

CAMPOS, C.M.; MILAN, M.; SIQUEIRA, L.F.F. Identificação e avaliação de variáveis críticas no processo de produção da cana-de-açúcar. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v.28, n.3, 2008. Disponível em https://www.scielo.br/j/eagri/a/bhFgT9jWqGPrxC9PHxG5SPG/?lang=pt Acesso em: 03 out. 2023

CEBIM, G.J. Plantio mecanizado de cana de açúcar. 2008. Dissertação (Mestrado em Máquinas Agrícolas) – Escola Superior Luiz de Queiroz, Universidade de São Paulo. Piracicaba, 2008.

JANINI, D.A.; RIPOLI, T.C.C.; CEBIN, G. Análise operacional e econômica do sistema de plantio mecanizado de cana de açúcar (Saccharum spp.)

STABILE, M.C.C.; BALASTREIRE, L.A. Comparação de três receptores GPS para uso em agricultura de precisão. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v.26, n.1, p.215-223, 2006.

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