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Informativo GEA

Principais herbicidas pré-emergentes na cultura do milho
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As plantas daninhas são plantas indesejadas na lavoura, que reduzem a produtividade dela, possuindo crescimento rápido e grande capacidade reprodutiva. Dessa forma, a adoção de um manejo preventivo, como a aplicação de herbicidas pré-emergentes, é de grande ajuda no controle delas. Os herbicidas pré-emergentes agem de forma a deixar a superfície do solo “preparada” para quando a planta daninha iniciar seu processo de germinação, já absorver o produto que irá controlá-la. Dessa maneira, esse tipo de herbicida tende a evitar a matocompetição entre a cultura e as plantas infestantes, deixando a lavoura limpa até o fechamento das entrelinhas. Porém, para o uso de pré-emergentes, é importante seguir o recomendado na bula, se atentando ao tipo de solo que cada dose recomenda, ao residual do herbicida, ao comportamento do herbicida na presença de palhada no solo, às condições climáticas no momento e posteriormente a aplicação, às tecnologias de aplicação recomendadas, dentre outros fatores (AgroBayer Brasil).

A Atrazina (2-cloro-4-etilamino-6-isopropilamino-s-triazina) está entre os principais pré-emergentes utilizados na cultura do milho. Sendo seletivo para milho (e cana-de-açúcar), esse herbicida pode ser usado tanto em pré-emergência como em pós-emergência da cultura. Quando usado como pré-emergente, pode ser aplicado imediatamente antes da semeadura, simultaneamente ou logo após a semeadura. Em todas essas situações, o solo deve estar úmido durante a aplicação do produto para não comprometer o funcionamento dele. A Atrazina é um herbicida de ação sistêmica do grupo químico triazina e com mecanismo de ação inibidor do fotossistema 2. Esse mecanismo consiste na interrupção do fluxo de elétrons no FSII, fazendo com que os elétrons não sejam armazenados como enérgica química (ATP e NADPH), o que causa a morte da planta por peroxidação de lipídeos nas membranas (MARCHI, et al., 2008).

Figura 1 - Molécula do herbicida atrazina

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Fonte: E-escola, 2005

Os sintomas desse herbicida aparecem de forma lenta na planta, inicialmente se manifestando como clorose e posteriormente como necrose (morte dos tecidos). Em folhas largas a clorose se mostra internerval e a necrose começa ao redor das margens das folhas progredindo para o centro. Já em gramíneas suscetíveis, a clorose e a necrose iniciam das pontas das folhas até a base delas (MARCHI, et al., 2008).

A seletividade dos herbicidas do grupo químico das triazinas se dá pelo metabolismo secundário, onde, plantas como o milho, por possuírem a enzima glutatione-S-transferase, podem metabolizar seletivamente os herbicidas triazínicos em substâncias não tóxicas (MARCHI, et al., 2008). Dessa forma, a atrazina possui ação específica sobre espécies de folhas largas anuais (carrapicho-de-carneiro, mentrasto, apaga-fogo, trapoeraba, caruru-roxo, caruru-de-mancha, picão preto, falsa-serralha, etc) e ação moderada em gramíneas, excetuando-se algumas espécies, mas controlando espécies como capim-marmelada e capim-pé-de-galinha (ADAPAR, s.d.).

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Figura 2 - Fitotoxidade dee atrazina em soja

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Fonte: Elevagro, s.d.
 

Outro herbicida amplamente usado como pré-emergente na cultura do milho é o S-metolacloro (Dual Gold), pertencente ao grupo químico cloroacetanilida. Os herbicidas pertencentes a esse grupo químico atuam inibindo a síntese de ácidos nucléicos e de proteínas, controlando plântulas de muitas gramíneas anuais e de algumas dicotiledôneas antes ou logo após emergência. Isso porque, as plantas sensíveis iniciam seu processo germinativo, mas não completam a emergência e, caso o façam, se apresentam deformadas. O ingrediente ativo S-metolacloro é absorvido através do coleóptilo das monocotiledôneas e pelo hipocótilo das dicotiledôneas e atua na gema terminal inibindo o crescimento das plantas (MARCHI, et al., 2008).

Apesar de muito estudo, o mecanismo primário desses herbicidas permanece desconhecido, porém, a proposta mais aceita diz que esse grupo químico pode alquilar aminoacil tRNAs específicos, inibindo a síntese de proteínas. Dessa forma, o sintoma do efeito desse herbicida quando a planta consegue emergir é caracterizado pelo intumescimento dos tecidos, pelo enrolamento do caulículo (nas monocotiledôneas) e pela clorose, seguida de necrose e morte (nas dicotiledôneas) (MARCHI, et al., 2008).

Figura 3 - Ativação de aminoácidos pela aminoacyl - tRNA sintase. A alquilação do aminoacil tRNA impede a síntese de tRNA e, conseqüentemente, de proteínas

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Fonte: Buchanan et al, 2000

O Isoxaflutol (Provence 750 WG) também pode ser utilizado como pré-emergente no milho, molécula cujo grupo químico é isoxazol. Este herbicida atua inibindo enzimas na rota do ácido mevalônico, importante na biossíntese de carotenóides. Desse modo, quando estes pigmentos carotenóides não são sintetizados, a planta não apresenta coloração verde nos pontos de crescimento mais novos e torna-se clorótica pela inibição da biossíntese de clorofila. Este herbicida é absorvido pelo hipocótilo e coleóptilo, sendo translocado primariamente pelo xilema, o que possibilita uma maior efetividade quando aplicado em pré-emergência, mas também pode causar clorose em plantas já emergidas (MARCHI, et al., 2008).

Uma característica importante deste herbicida é que, em condições de mais seca, pode permanecer no solo por um período de cerca de 80 dias, até que aconteça uma chuva e sua ativação coincida com a emergência de algumas daninhas. Além disso, pode ser misturado com Atrazina, por exemplo, para obter um maior controle sobre diversas infestantes (PLACIDO, H.F.).

A seletividade deste herbicida ao milho acontece pela capacidade de metabolizar rapidamente o isoxaflutol para diquetonitrila, e deste, para ácido benzóico, que não possui ação herbicida (CAVALIERI, S.D.)

Figura 4 - Molécula do herbicida isoxaflutol

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Fonte: LGC Standarts

Outro herbicida pré emergente que pode ser utilizado no milho é a trifluralina, pertencente ao grupo químico Dinitroanilina (DNA). Pode também ser usado em culturas como algodão, arroz, mandioca, cana de açúcar, soja, dentre outras, sendo eficaz no controle de Apaga-fogo, Caruru, Braquiarão, Capim-carrapicho, etc. O mecanismo de ação desse herbicida é inibição da polimerização de tubulina, dessa forma, inibem a divisão e elongação celular nos tecidos meristematicos das raizes e, assim, impedem a formação de fibras de fuso. Como resultado, tem-se células radiculares defeituosas, incapazes de crescerem ou absorverem nutrientes. É recomendado fazer a incorporação desse herbicida para evitar perdas por volatilização e fotodecomposição, haja vista que são voláteis e apresentam baixo potencial de lixiviação. Sua absorção é feita tanto pelas raizes como pela parte aérea de plântulas emergentes, porém, a translocação dele é pequena o que torna seu efeito reduzido quando aplicado às folhas. Assim, a seletividade desse herbicida se dá por posição, incapacidade de translocação, baixa movimentação no solo, natureza lipofílica e diferente localização dos meristemas nas daninhas (MARCHI, et al., 2008).

Figura 5 - Herbicidas DNAs ligam-se à tubulina impedindo a formação de microtúbulos

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Fonte: Roman, et al, s.d.

Redigido por:

Mariana Caixeta Consonni - Sigatók

Otavio Ferreira - C-quéla

Referências:

BULA ATRAZINA SD 500 SC. [s.l.: s.n., s.d.]. Disponível em: <https://www.adapar.pr.gov.br/sites/adapar/arquivos_restritos/files/documento/2020-10/atrazinasd500sc.pdf>.

 

BULA PROVENCE 750 WG. Disponível em:

https://www.adapar.pr.gov.br/sites/adapar/arquivos_restritos/files/documento/2020-10/provence750wg0620.pdf. Acesso em: 14/02/2022

 

CAVALIERI, S, D.. Tolerância de híbridos de milho ao herbicida isoxaflutole. 2008. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pd/a/9tSbF9wv3zTQTvdgqBsVxQc/?lang=pt#:~:text=A%20grande%20respons%C3%A1vel%20pela%20seletividade,do%20processo%2C%20para%20g%C3%A1s%20carb%C3%B4nico. Acesso em: 14 fev. 2022.

 

DE, Técnica. O herbicida atrazina (Biologia) | e-escola. Ulisboa.pt. Disponível em: <http://e-escola.tecnico.ulisboa.pt/topico.asp?id=377#:~:text=A%20atrazina%20%C3%A9%20um%20herbicida,de%20azoto%20em%20posi%C3%A7%C3%B5es%20alternadas.>. Acesso em: 11 Feb. 2022.

 

Dual Gold | Portal Syngenta. Portalsyngenta.com.br. Disponível em: <https://www.portalsyngenta.com.br/produtos/dual-gold/>. Acesso em: 11 Feb. 2022.

 

Herbicidas: mecanismos de ação e uso. [s.l.: s.n., s.d.]. Disponível em: <https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/CPAC-2010/30295/1/doc-227.pdf>.

 

Herbicida pré-emergente para milho: benefícios e dicas de uso. Disponível em: <https://www.agro.bayer.com.br/mundo-agro/agropedia/milho-herbicida-pre-emergente#:~:text=Plante%20o%20milho%20e%20logo,de%204%20a%2015%20dias.>. Acesso em: 11 Feb. 2022.

 

‌ MANEJO DE PLANTAS DANINHAS BOAS PRÁTICAS AGRÍCOLAS Mecanismos de Ação de Herbicidas. [s.l.: s.n., s.d.]. Disponível em: <https://www.corteva.com.br/content/dam/dpagco/corteva/la/br/pt/bpa-site/ebooks/pdfs/Ebook_MPD_Manejo_de_Plantas_Daninhas_Mecanismos_de_acao_de_herbicidas.pdf>.

 

PLACIDO, Henrique Fabricio. COMO FAZER O MANEJO DE HERBICIDA PARA O MILHO: herbicida para milho: quais produtos mais indicados, época de aplicação e outras orientações para o bom controle sem problemas de injúrias na lavoura.. 2019. Disponível em: https://blog.aegro.com.br/herbicida-para-milho/. Acesso em: 14 fev. 2022

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