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Informativo GEA

Bicheira-da-raiz
no arroz irrigado
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Uma das pragas com maior importância no arroz irrigado é a bicheira-da-raiz (Oryzophagus oryzae), também chamada de gorgulho aquático. Isso porque é uma praga favorecida pelas condições alagadas, que possibilitam sua instalação e sobrevivência. Por meio dos espiráculos dorsais, a larva perfura o aerênquima das raízes da planta de arroz e consegue, dessa forma, respirar mesmo no solo alagado. Após sua instalação nas raízes, inicia-se a formação de pupas dentro de um casulo oval impermeável que as larvas confeccionam com seda e argila. Na sua emersão, os adultos rompem o casulo próximo a região que foi fixado e em seguida sobe em direção as folhas ou as panículas onde permanecem imóveis por algumas horas. Os adultos desse inseto apresentam duas adaptações que proporcionam a ele uma boa sobrevivência em ambiente alagado. A primeira delas é o forte fototropismo positivo que permite a eles se orientarem para a superfície da lâmina de água, a segunda, consiste na capacidade de reter ar debaixo dos élitros, possibilitando que eles permaneçam submersos por um tempo considerável (HICKEL, 2020).

Figura 1: Adulto e Larva, respectivamente.

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Fonte: Agrolink

Os danos causados na lavoura ocorrem tanto na fase de larva quanto na fase adulta dessa praga, sendo que a intensidade depende da época de semeadura, do cultivar, do sistema de cultivo e do grau de infestação. Na fase de larva é quando os danos são mais intensos, isso porque elas consomem as raízes mais novas da planta, o que causa uma ruptura e consequentemente um bloqueio na absorção de nutrientes pela planta. Porém, a fase adulta também se torna bastante prejudicial principalmente no sistema pré-germinado, visto que consomem a radícula e coleóptilo resultando na morte das plantas logo após a germinação (GUEDES et al., 2021).

Figura 2 - Resultados da falta de higienização correta

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Fonte: Grupo Cultivar

O sintoma mais característico do ataque da bicheira-da-raiz é o amarelecimento de plantas em reboleiras, onde a lâmina de água é mais profunda e na borda das quadras. Junto a isso, tem-se folhas mais eretas, pouco perfilhadas com o mal fechamento do dossel. Em uma visão geral da lavoura, o resultado do ataque dessa praga é desuniformidade na altura das plantas no ciclo vegetativo e, por consequência, irregularidade na maturação. Dessa forma, as perdas na produtividade causadas pela bicheira da raiz podem chegar até a 70%, sendo fundamental um controle eficiente (HICKEL, 2020).

O controle dessa praga é na maioria das vezes realizado de forma preventiva, utilizando como base o nível de infestação dos anos anteriores. Isso porque, quando a lavoura já apresenta considerável grau de infestação, o controle se torna muito difícil. Dessa forma, pensando em um controle cultural, é importante realizar a destruição dos restos culturais após a colheita e a limpeza da vegetação nas irrigadoras, tendo em vista que os adultos desse inseto têm o hábito de hibernação, podendo ficar na área no período de entressafra e posteriormente retornar para a lavoura. Além disso, é viável também realizar o aplainamento do solo, que resultaria na uniformização da lâmina e, com isso, o espalhamento das larvas, distribuindo a infestação. Apesar do controle cultural ser muito importante, o controle químico muitas vezes também se faz necessário. A primeira opção é o tratamento de sementes, porém, em sistemas de cultivo pré-germinado é um método que não apresenta grande eficiência, sendo necessárias outras alternativas. Tais quais, a pulverização de inseticidas 3 a 5 dias após a irrigação ou emergência das plantas (quando a maioria dos insetos já se instalou dentro da lavoura) ou a aplicação de inseticidas granulados na água de irrigação diariamente para o controle das larvas (GUEDES et al., 2021).

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Fonte: (OLIVEIRA; BARROS, 2001)

Para se definir a necessidade de controle, deve-se verificar rapidamente a presença de larvas na lavoura. Nesse caso, o método mais simples consiste em arrancar suavemente algumas plantas, lavar as raízes na água de irrigação e verificar se aparecem as larvas flutuando. Uma forma um pouco mais complexa envolve a retirada de amostras do solo e das raízes por meio de um pedaço de cano de PVC com 10 cm de diâmetro e 20 cm de altura colocado a 8 cm no solo, feito isso, as amostras são agitadas na água para a contagem das larvas que irão flutuar. Em um sistema de cultivo pré-germinado, a amostragem deve começar uma quinzena após a semeadura caso não tenha ocorrido a drenagem nesse período, caso ela tenha sido realizada entre dois e quatro dias após a semeadura, a amostragem irá iniciar a partir de dez dias da inundação. A drenagem feita aos três dias após a semeadura também é uma forma de controle, haja vista que força a saída dos adultos presentes na quadra, reduzindo assim a incidência de larvas (GUEDES et al., 2021).

Redigido por:

Sigatók - Marina Caixeta Consonni

Temporona - Pedro Gijsbertus van Melis

Referências:

HICKEL, Eduardo Rodrigues. PRAGAS nas lavouras catarinenses de arroz irrigado: bicheira da raiz. Florianópolis: Epagri, 2020.

OLIVEIRA, Jaime Vargas de; BARROS, Jaceguay I de. CONTROLE QUÍMICO DA BICHEIRA DA RAIZ Oryzophagus oryzae (COSTA LIMA, 1936) EM ARROZ IRRIGADO. Cachoeirinha: Instituto Riograndense do Arroz, 2001.

REVISTA CULTIVAR. Bicheira-da-raiz na cultura do arroz: ocorrência e manejo. 20 de Agosto. 2021. Disponível em: https://www.grupocultivar.com.br/artigos/bicheira-da-raiz-na-cultura-do-arroz-ocorrencia-e-manejo. Acesso em: 21 de Agosto. 2021

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