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Informativo GEA

Adubação  nitrogenada no milho
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O milho (Zea mays L.), uma das primeiras culturas domesticadas pelo homem, é um cereal de grande importância no Brasil e no mundo, sendo o principal grão produzido devido ao seu elevado valor energético. Dentre os cereais cultivados no Brasil, o milho ocupa o segundo lugar em produção, com cerca de 112,8 milhões de toneladas produzidas na safra 21/22 em uma área de 21,5 milhões hectares, com estimativa de produção de 126,9 milhões de toneladas para safra 22/23 e uma área de cerca de 22.407,2 milhões de hectares (CONAB, 2022).

O Zea mays L. é uma cultura de ciclo anual e metabolismo C4, de modo a apresentar maior eficiência na produção de grãos e matéria seca, esse grupo minimiza a fotorrespiração ao separar, no espaço, a fixação inicial de CO2 e o ciclo de Calvin, realizando estas etapas em tipos de células diferentes. Ademais, o milho é uma planta ereta e robusta que pode alcançar cerca de 4 metros e elevados potenciais produtivos, aspectos estes que podem variar em decorrência do híbrido de milho, das condições climáticas e do correto manejo nutricional ao decorrer do ciclo.

O manejo nutricional na cultura é bem consolidado para o milho safra, mas no que se refere ao milho safrinha, há ainda diversas variáveis que podem interferir neste manejo, tais aspectos como: cultura antecessora, o menor regime hídrico e o teor de matéria orgânica são pontos importantes para a consolidação de uma boa nutrição. De todos o nutrientes, o nitrogênio é o mais demandado pela cultura do milho, em média são necessários cerca de 23kg deste nutriente para produção de 1 tonelada, sendo que desta quantidade, cerca de 60% é destinado aos grãos presentes na espiga e 40% presente nos restos da planta (Tabela 1).

Tabela 1 - Macronutrientes extraídos e exportados pela cultura do milho

Fonte: Agroadvance, 2021.

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Fontes de adubação nitrogenada

 

A adubação nitrogenada está diretamente relacionada aos fatores: cultura antecessora e disponibilidade hídrica. Desta forma, ocorrem diversas fontes de adubação, as quais são escolhidas em decorrência das especificações do produtor.

Imagem 2 - Principais fontes nitrogenadas utilizadas na agricultura.

Fonte: IFA, 2019.

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Atualmente  ureia e sulfato de amônio são as principais fontes para adubação nitrogenada na cultura do milho, no entanto ambas estão sujeitas a perdas por lixiviação no solo, volatilização da amônia e escoamento superficial. A ureia apresenta altas concentrações de nitrogênio, alta solubilidade em água e menor custo de aplicação, por outro lado apresenta maior potencial de perdas por volatilização. Quanto ao uso do sulfato de amônio, estudos indicam maiores incrementos em produtividade e massa fresca de grãos em aplicação crescente deste insumo (COSTA, ROCHA e PEREIRA, 2011). Outra  vantagem  do adubo é o elevado teor de enxofre, aspecto que não é superado por outro fertilizante. Entretanto, apresenta a desvantagem de acidificar o solo e possui pouco nitrogênio.

Imagem 3 - Fórmula química ureia e sulfato de amônio.

Fonte: REIS, 2023.

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Os fertilizantes nitrogenados devem ter manejos específicos, haja vista que os resultados esperados sejam melhor atendidos pela cultura. Há de exemplo, caso a adubação seja realizada com ureia, esta deve ser ou incorporada por pelo menos 5 cm de profundidade, ou aplicada em solo seco antes da ocorrência de chuvas, ou aplicar antes da irrigação, esta que deve ser realizada com uma lâmina de no mínimo 15 mm, ou o uso de inibidores de urease, visando que a volatilização do adubo seja menor e maior quantidade de N consiga estar finalmente disponível para a utilização da cultura de interesse.

Os fertilizantes que promovem uma melhoria na eficiência da adubação nitrogenada, quando comparados aos fertilizantes convencionais, são denominados fertilizantes de eficiência aumentada (GUELFI, 2017). A ureia, devido a sua necessidade de redução de perdas por volatilização e grande uso em escala mundial, tornou-se a principal fonte para produção de fertilizantes de eficiência aumentada.

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Imagem 4 - Classificação dos fertilizantes nitrogenados.

Fonte: Adaptado de GUELFI, 2017.

Entre as classificações, os fertilizantes nitrogenados convencionais são: Ureia, sulfato de amônio, nitrato de amônio, MAP e DAP etc. Por outro lado, os fertilizantes de eficiência aumentada podem ser alocados em três grupos: (I) estabilizados; de liberação lenta (II); (III) de liberação controlada.

Fertilizantes nitrogenados estabilizados são aqueles nos quais a ureia é tratada com aditivos para estabilização do N. Este grupo é subdividido em inibidores da urease (NBPT, hidroquinono, cobre, boro e catecol)  e inibidores da nitrificação (DMPP, DCD, tiossulfato de amônio e nitrapyrin).

Imagem 5 - Como agem os inibidores da urease e da nitrificação.

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Fonte: Adaptado de GUELFI, 2017.

Os fertilizantes de liberação lenta são produtos de condensação da ureia com aldeídos, dentre os mais utilizados estão: UF, ureia metileno (UM), IBDU e CDU. Os fertilizantes de liberação controlada a são envoltos por compostos que formam uma barreira que impede a passagem de N por difusão. Este recobrimento pode ser feito por diversos compostos como: enxofre elementar, resinas plásticas, termoplásticos, poliuretano, polietileno etc.

Imagem 6 - Esquematização do grânulo.

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Fonte: Kimberlit

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Épocas e doses de adubação nitrogenada

 

Levando em consideração o fator cultura antecessora, por exemplo com o milho safra, sabendo que houve soja no ano anterior, a dose de N por saco é inferior se comparada a uma situação de milho ou sorgo anteriormente. Essas doses variam, respectivamente, de 0,8 a 1,1 kg N/ saco e 1,1 a 1,2 kg N/ saco. E para o milho safrinha, ou 2ª safra, a dose desse nutriente é ainda menor, devido ao residual da soja, variando de 0,5 a 0,8 kg N/ saco (OTTO, 2022).

Dessa forma, considerando o sistema soja - milho 2ª safra, a necessidade (kg/ha) de N para a cultura do milho é de aproximadamente 104 kg/ha, haja vista a quantidade que é exportada para os grãos e uma produtividade de 120 sc/ha de milho (OTTO, 2022). Por outro lado, se a produtividade esperada for de 140 sc/ha, a necessidade de N se eleva à 121 kg/ha, levando em conta uma adubação de sistemas.

 

Outro fator importante é a época de aplicação do adubo em questão, há de exemplo, de acordo com o estudo apresentado na Tabela 2, produtividades maiores foram alcançadas caso a aplicação ocorra em V2 ou em V4 (FANCELLI, 2010).

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Tabela 2 - Época de aplicação do N no milho em Piracicaba-SP.

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Fonte: Adaptado de Fancelli e Casadei, 2010 (dados não publicados)

Podendo-se concluir a partir do estudo que as maiores produtividades são alcançadas, à medida que a adubação do milho, caso do 1ª safra, seja parcelada na semeadura (considerando de 20 a 30 kg/ha), em V3/V4 e em V6/V8. E no caso do milho 2ª safra, na semeadura e em V3/V4, principalmente se as doses de N forem superiores a 80 kg/ha (FANCELLI, 2010).

Em conclusão, cabe-se levar em consideração todos os fatores principais visando uma adubação adequada e produtividades esperadas, como a cultura antecessora, a dose de adubação, o fertilizante escolhido, a época de aplicação etc, haja vista que o sucesso do produtor seja alcançado.

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Redigido por:

Sarva - Ruan Reis

Referências bibliográficas:

COELHO, Antônio Marcos. Nutrição e Adubação do Milho. Dez, 2006. Elaborado por EMBRAPA. Disponível em:  https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/490410/1/Circ78.pdf. Acesso em: 14 abr. 2023.

 

ÉVERTON DA SILVEIRA MANFIO (Rio Grande do Sul). Nitrogênio na cultura do milho: Recomendações na aplicação. 21 set de 2020. Por Equipe Mais Soja. Disponível em: https://maissoja.com.br/nitrogenio-na-cultura-do-milho-recomendacoes-na-aplicacao/. Acesso em: 14 abr. 2023.

 

FANCELLI, Antonio Luiz. Boas práticas para uso eficiente de fertilizantes na cultura do milho. Piracicaba, Sp: International Plant Nutrition Institute, 2010. 16 p. Disponível em: http://www.ipni.net/publication/ia-brasil.nsf/0/3F77E1CD143BB9F283257A8F0060D281/$FILE/Page1-16-131.pdf. Acesso em: 17 abr. 2023.

 

MENDONÇACOSTA, Luiz Antonio de; GUILHERMEROCHA, Kassio; PEREIRA, Dercio Ceri. SULFATO DE AMÔNIO EM COBERTURA NA CULTURA DO MILHO SOB SISTEMA DE PLANTIO DIRETO. 2011. 58 f. Tese (Doutorado) - Curso de Produção Vegetal, Revista Varia Scientia Agrárias, Paraná, 2012

 

RAFAEL OTTO (São Paulo) (org.). FONTES DE NITROGÊNIO PARA ADUBAÇÃO DO MILHO. 2021. Elaborado por Agroadvance. Disponível em: https://ead.agroadvance.com.br/portal/home. Acesso em: 12 abr. 2023.

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