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Informativo GEA

Controle de percevejo no trigo
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INTRODUÇÃO

O cultivo do trigo vem acompanhando o desenvolvimento da humanidade há séculos atrás, cerca de 10000 a.C, sendo uma das ferramentas chave para transformação do homem nômade para o sedentarismo. Dessa forma, a sua importância veio crescendo até os dias de hoje, onde a cultura ocupa o posto de segundo cereal mais produzido do mundo. Nesse viés, o Brasil ainda sofre com limitações para despontar como um importante produtor do grão, tendo em vista o clima, a estrutura e a cultura de se produzir soja/milho.

No caso específico do Brasil, os estados do Paraná e Rio Grande do Sul possuem as maiores produções do cereal: cerca de 86% de todo trigo produzido no país vêm desses 2 estados. Porém, a produtividade média brasileira não é alta, segundo dados da CONAB esse dado é de 2.894 kg/ha, muitas vezes ocasionado pela produção em pequenas propriedades, clima desfavorável e principalmente ataque de doenças e pragas, que ajudam na diminuição do potencial produtivo da cultura (CONAB, 2023).

Dentre as principais pragas que atacam esse cultivo de inverno, destacam-se os percevejos, que vêm sido um problema maior após o advento do plantio direto e da chamada “safrinha” (CHOCOROSQUI & PANIZZI). Nesse caso, os principais percevejos que podem causar danos econômicos no trigo são: percevejo barriga-verde (Diceraeus melacanthus e Diceraeus furcatus), percevejo-marrom e percevejo-verde.

PERCEVEJO BARRIGA-VERDE

O percevejo barriga-verde tem seu dano relacionado tradicionalmente à soja, porém com o advento da safrinha, a migração dessa praga para lavouras de trigo e milho se tornaram comuns, trazendo grandes problemas aos produtores. Nesse aspecto, existem duas espécies principais que são consideradas pragas no Brasil: Diceraeus furcatus e Diceraeus melacanthus, onde o primeiro é mais frequente nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, enquanto o segundo é mais presente em latitudes menores como o cerrado brasileiro, sendo um grande problema também no estado do Paraná (Salvadori et al., 2009).

De maneira geral, o percevejo barriga verde apresenta comprimento entre 9 a 12 mm, com o dorso marrom-acinzentado e a parte ventral de coloração verde-claro. Um traço marcante dessas espécies é a expansão pontiaguda presente em cada lado do tórax, apresentando uma coloração marrom-escura na espécie Diceraeus melacanthus e uma coloração igual na espécie Diceraeus furcartus, configurando assim uma maneira de diferenciá-los (CHIARADIA, 2012). A oviposição é característica dessas espécies, apresentando entre 10 a 15 ovos agrupados em filas, da coloração esverdeada e manchas vermelhas que darão origem aos olhos compostos dos insetos futuramente. A figura a seguir mostra como é dado a oviposição desses insetos:

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Figura 1 – Oviposição característica do percevejo barriga-verde.

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Fonte: OURO FINO, 2022.

A diferenciação entre as duas espécies não é simples e demanda a análise das duas espécies, sendo o D. furcatus adulto maior e com pronoto alongado, em formato de espinhos na mesma cor do dorso. Já o D. melacanthus é relativamente menor e possui os espinhos do seu pronto mais pontiagudos e coloração mais escura. Segue abaixo a comparação entre as duas espécies:

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Figura 2 – Diferenciação das espécies de percevejo barriga-verde, sendo o da esquerda D. melacanthus e o da direita D. furcatus.

Fonte: OURO FINO, 2022.

Quanto ao seu dano, as espécies de percevejo-barriga verde têm o hábito de introduzir seu aparelho bucal formado por estiletes dentados, com o intuito de rasgar o tecido vegetal e permitir a injeção da saliva nos tecidos vegetais, que levam a destruição dos mesmos, levando ao dobramento da folha e confundidos com sintomas de virose devido ao enrugamento da planta. Esse dano está relacionado ao período vegetativo da cultura, e por isso é um grande problema ainda no estádio de plântula, sendo necessário o monitoramento da lavoura desde os primórdios do cultivo (PANIZZI et al., 2015). A figura a seguir mostra o rompimento dos tecidos causando o enrugamento (A, B e C) e o atrofiamento da planta devido ao ataque da praga (D):

Figura 3 – Danos causados pelo percevejo barriga-verde em cultivos de trigo.

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Fonte: PANIZZI et al., 2015.

PERCEVEJO-MARROM

Os danos do percevejo-marrom (Euschistus heros) geralmente se iniciam após o espigamento do trigo, pois esses insetos conseguem entrar em dia-pausa após a safra de soja, ficando sem se alimentar por um grande período evitando o contato com predadores e o frio do inverno (PANIZZI & MOURÃO, 2005). Sendo assim, é uma praga que afeta a qualidade dos grãos colhidos e consequentemente o peso do hectolitro final após a colheita.

Para diferenciar o percevejo marrom das demais espécies, deve-se primeiro observar a meia-lua branca que forma no dorso na extremidade do escutelo. Além disso, este inseto posssui duas prolongações laterais em forma de espinho, que caracterizam essa espécie. A sua oviposição ocorre nas folhas do trigo e são depositados de 6 a 15 ovos em três fileiras, apresentando uma coloração bege (NOGUEIRA, 2018). O percevejo-marrom e sua oviposição característica se encontram abaixo:

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Figura 4 – Ao lado esquerdo Euschistus heros e ao lado direito sua oviposição.

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Fonte: NOGUEIRA, 2018.

PERCEVEJO-VERDE

O Nezara viridula é uma praga chave no cultivo de soja, que vem sido problema na cultura do milho e trigo também. O percevejo-verde é conhecido por ser o mais polífago do complexo de percevejos, isso o torna um problema, tendo em vista que a rotação de culturas não irá quebrar o ciclo desta praga. No caso da cultura do trigo, o Nezara viridula pode trazer danos no emborrachamento e na elongação, trazendo sintomas parecidos com os de geada, como espigas deformadas, secas e brancas. Portanto, é de suma importância o monitoramento desta praga na fase de elongação e de emborrachamento (GASSEN, 2005; SALVADORI; PEREIRA, 2009). A sua diferenciação é simples em relação à outros percevejos pois a coloração e seu tamanho são bem característicos:

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Figura 5 – Representação do percevejo-verde.

Fonte: QUEIROGA, 2021

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CONTROLE

O controle dos percevejos citados acima é de suma importância para garantir altos tetos produtivos na cultura do trigo. Dessa forma, o primeiro fato a se atentar é o controle que vem sendo realizado dessas pragas no cultivo anterior ao trigo, como por exemplo a soja. No caso das duas espécies do gênero Diceraeus ficam na palhada da soja esperando pela próxima planta para atuarem como praga (PANIZZI et al., 2015).

No caso do cultivo de trigo, desde a germinação até o desenvolvimento do grão-leitoso, adota-se até 4 percevejos barriga-verde / m2 no vegetativo e 2 percevejos / m2 no estádio reprodutivo como nível de controle, isso se dá pois os danos desse percevejo causam a perda do estande e consequentemente produtividade. Nesse viés, é necessário controlá-la desde o início, onde comumente são utilizados inseticidas sistêmicos no tratamento de sementes como neonicotinoides (PANIZZI et al., 2015).

Atualmente existem 27 produtos registrados na Agrofit para controle do percevejo barriga-verde, sendo a maioria deles uma associação entre piretróides (efeito de choque) e neonicotinóides, buscando uma sistematicidade e um residual um pouco maior. As tabelas a seguir mostram esses produtos:

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Tabela 1 – Produtos registrados para percevejo barriga-verde no Brasil.

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Fonte: Agrofit, 2023.

Redigido por:

Meliãt - João Vitor Segato

Referências bibliográficas:

CHIARADIA, L. A. DANOS E MANEJO INTEGRADO DE PERCEVEJOS BARRIGA-VERDE NAS CULTURAS DE TRIGO E DE MILHO. Revista Agropecuária Catarinense, v.25, n.2, jul. 2012. Disponível em: < https://core.ac.uk/download/pdf/322588366.pdf >, acesso em: 11/05/2023.

ENRIQUE. Percevejos: guia das principais espécies, como identificá-las e soluções para o manejo. Disponível em: <https://ourofinoagro.com.br/canal-digital/guia-dos-percevejos-da-soja-e-do-milho-principais-especies-como-identifica-las-e-solucoes-para-omanejo/#:~:text=Percevejo%20barriga%2Dverde%20(Diceraeus%20furcatus)&text=melacanthus%20%C3%A9%20relativamente%20menor%2C%20possui>. Acesso em: 13 maio. 2023.

Mourão APM, Panizzi AR. Diapausa e diferentes formas sazonais em Euschistos heros (Fabr.) (Hemiptera: Pentatomidae) no norte do Paraná. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, v.29, n.2, p 205-218, 2000.

NOGUEIRA, Kamila de Oliveira. MANEJO DO PERCEVEJO MARROM (Euschistus heros) NA CULTURA DA SOJA. 2018. 38 f. Tese (Doutorado) - Curso de Tecnologia em Produção de Grãos, Universidade Estadual de Goiás – Ueg Câmpus Posse, Posse, 2018.

PANIZZI, Antônio Ricardo; AGOSTINETTO, Alice; LUCINI, Tiago; SMANIOTTO, Lisonéia Fiorentini; PEREIRA, Paulo Roberto Valle da Silva. Manejo Integrado dos Percevejos Barriga-Verde, Dichelops spp. em Trigo. Passo Fundo: Embrapa, 2015.

PEREIRA, P.R.V. da S.; TONELLO, L.S.; SALVADORI, J.R. Caracterização das fases de desenvolvimento e aspectos da biologia do percevejo barriga-verde Dichelops melacanthus (Dallas, 1851). Passo Fundo: Embrapa – CNP de Trigo, 2007. 10p. (Comunicado Técnico, 214).

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