top of page

Informativo GEA

Regulador de crescimento no algodão
rodado_do_trator-removebg-preview.png
rodado_do_trator-removebg-preview.png

Com uma área plantada de cerca de 1,6734 milhões de hectares e uma produção estimada para a safra de 22/23 de 3,0427 milhões de toneladas de algodão em pluma, o Brasil se coloca na quarta posição de maior produtor de algodão no mundo (CONAB, 2023). Estados como o Mato Grosso e Bahia chamam a atenção na sua participação da produção nacional. Segundo dados do CEPEA, o clima vem favorecendo os cotonicultores na semeadura e desenvolvimento de safra de algodão até então na safra de 22/23. Para buscar cada vez manejos de altas produtividades, torna-se imprescindível o uso de reguladores afim de estabelecer um equilíbrio na planta.

O algodoeiro apresenta hábito de crescimento indeterminado, ou seja, o crescimento da parte vegetativa acompanha o desenvolvimento da parte reprodutiva. Tendo em vista isso, existe uma grande competição de foto assimilados entre as estruturas reprodutivas e as vegetativas, o que pode afetar a produtividade potencial de uma planta em uma lavoura. Sabe-se, ainda, que a importância biológica da pluma é apenas a dispersão de sementes, não sendo o objetivo principal da planta a produção de fibras de alta qualidade, ao contrário do que se busca normalmente em cultivos comerciais.

O uso de reguladores de crescimento na cultura do algodão é uma ferramenta muito utilizada visando controlar a relação entre a matéria seca reprodutiva (MSR) e a matéria seca vegetativa (MSV), de modo a chegar em uma planta mais equilibrada e que possa aumentar seu potencial produtivo (ECHER et al., 2014). Sem o uso de reguladores, tem-se uma planta com a relação MSR/MSV muito baixa, ou seja, com o desenvolvimento vegetativo mais acentuado, isso é prejudicial pois retarda a maturação dos frutos, que pode acarretar na formação de microclimas, no qual dificulta o tratamento sanitário da cultura e favorece ataques mais severos de pragas, além também de favorecer uma maturação desuniforme dos frutos, resultando em excessiva podridão dos mesmos e dificuldade na colheita (JOST et al., 2006). No entanto, o excesso de frutificação também pode ser indesejável, pois atua de modo a antecipar o ciclo da cultura, diminuindo o tempo de maturação das fibras e diminuindo o peso dos capulhos (CHIAVEGATTO et al., 2014). O gráfico a seguir demonstra os efeitos do uso dos reguladores de crescimento para o encontro da relação MSR/MSV desejada.

Gráfico 1: Efeitos da dose de cloreto de mepiquat na matéria seca reprodutiva (MSR) e na matéria seca vegetativa (MSV).

rodado_do_trator-removebg-preview.png

Fonte: LAMAS, 1997.

rodado_do_trator-removebg-preview.png
rodado_do_trator-removebg-preview.png

As substâncias mais conhecidas e utilizadas no Brasil atualmente são o cloreto de mepiquat, citado anteriormente, e o cloreto de clormequat, ambos possuem mecanismos de ação parecidos. Há, ainda, o pentaborato de mepiquat, que segundo Jost e Dollar (2004), tem uma absorção mais rápida na planta, porém esse produto não apresenta registro no Brasil.

O modo de ação das substâncias anteriormente citadas age impedindo a formação de entcopalil difosfato (CDP) e ent-caureno, importantes precursores das giberelinas (RADEMACHER, 2000). A importância do ácido giberélico na planta é promover a divisão e expansão celular (TAIZ & ZEIGER, 2004). Com a redução desse hormônio, a divisão e a expansão celular são diminuídas, resultando em plantas menores e mais compactas (JOST; DOLLAR, 2004).

A tomada de decisão para o uso de reguladores deve acontecer junto com a análise do potencial de crescimento vegetativo das plantas, que varia de cada cultivar (aquelas que apresentam porte alto e ciclo longo são mais exigentes em reguladores de crescimento). Sabe-se, ainda, que o algodão apresenta crescimento mais intenso entre o aparecimento dos primeiros botões florais (B1), portanto é a partir desse momento que se deve utilizar essas substâncias, estendendo o seu uso parcelado até que existam três nós acima da flor mais alta, quando a taxa de crescimento do algodoeiro é significativamente reduzida (FERREIRA, 2014).

 A primeira aplicação geralmente é feita quando a planta está entre B1 e F1, ou seja, quando ela apresenta 0,3 a 0,35 m, ou seis a oito nós da haste principal acima do nó cotiledonar em cultivares de crescimento vigoroso. Já em cultivares de porte mais baixo, é comumente feito entre oito a dez nós da haste principal acima do nó cotiledonar, quando apresentarem uma altura entre 0,35 a 0,45 m (CHIAVEGATO et al., 2012).

Um bom controle do comprimento do internódio é de suma importância para a definição da altura final da planta. Dessa maneira, o comprimento ideal médio do internódio, obtido pela razão entre a altura da planta e o número de nós, é que se mantenha entre 4 e 5 cm. Assim, sempre quando a medida dos internódios se aproximarem desses valores, deve-se realizar uma nova aplicação de reguladores. Para um bom desempenho da colheita, o ideal é que a altura das plantas seja de 1,5 vez o espaçamento entre linhas. (LAMAS & FERREIRA, 2015).

Em caráteres práticos, segundo relatos de produtores, uma maneira de identificar que a lavoura precisa da aplicação de regulador é ver a consistência do último nó ao ser entortado. Segundo essas pessoas, deve-se observar a maneira que o último entrenó se comportará ao ser torcido, se o mesmo quebrar é um bom sinal de que talvez não haverá necessidade de entrar na área com aplicação de regulador.

 Entretanto, a dose utilizada de reguladores no algodão irá variar conforme as condições climáticas, condições de solo, estabelecimento da cultura, umidade, vigorosidade, temperatura, entre outros fatores. Em termos teóricos, é possível calcular a dose conforme uma fórmula proposta por Echer, Bogiani e Rosolem, conforme mostra abaixo:

Tabela 1: Concentração de TUVAL (em L/ha) que deverá ser aplicado conforme o tipo de cultivar utilizada e a altura que a planta apresenta.

rodado_do_trator-removebg-preview.png
rodado_do_trator-removebg-preview.png

Fonte: ECHER et al., 2014).

A segunda aplicação, porém, deve ser feita a partir do monitoramento dos três últimos entrenós produzidos pela cultura. Cada entrenó deverá medir em média de 4 a 4,8 cm, sendo 14,4 cm o máximo tolerado para a distância dos 3 entrenós. Tendo em vista isso, deve-se entrar com a segunda aplicação a partir do momento em que a planta retomar o seu crescimento vigoroso, quando ultrapassar a taxa de crescimento de 1 a 1,2 cm por dia.

A terceira aplicação deve seguir os mesmos princípios da segunda aplicação, com monitoramento diário e constante da cultura. Para fins práticos, a primeira e a segunda aplicação visam consertar a arquitetura da planta, já da terceira em diante visam regular o porte do algodoeiro.

O “cut out” é definido pela paralisação do crescimento vegetativo, ou seja, quando não se registra a emissão de novos nós no caule principal (PAZZETI, 2021). Em vista disso, a planta entrará nesse estádio quando apresentar 5 entrenós acima da primeira flor branca visível. Para induzir o “cut out” na cultivar escolhida, deve-se planejar aplicações que conseguirão gerar carga suficiente para frear o crescimento vegetativo do algodoeiro. Porém, caso isso não ocorra, há a possibilidade de realizar a capação química, na qual envolve altas doses de reguladores afim de frear por completo o crescimento vegetativo da cultura.

rodado_do_trator-removebg-preview.png

Figura 1: Momento em que a planta é induzida ao “cut out”.

Fonte: PAZZETTI, 2021.

Logo, atualmente a condução correta de uma lavoura de algodão não pode deixar de lado o uso de reguladores de crescimento, visando estabelecer a maior quantidade de nós produtivos em uma altura máxima definido pelo espaçamento utilizado. A dificuldade na definição da dose que será utilizada torna-se complicado seu uso na prática, visto que o cotonicultor deve ter uma experiência com cada molécula para se sentir seguro ao aplicar na cultura.

rodado_do_trator-removebg-preview.png
rodado_do_trator-removebg-preview.png
rodado_do_trator-removebg-preview.png
rodado_do_trator-removebg-preview.png

Redigido por:

Meliãt - João Vitor Furlan Segato

Referências bibliográficas:

BORÉM, A.; Freire, E. C. (Org.). Algodão do plantio à colheita. led. Viçosa - MG: UFV, 2014, v. 1.

CEPEA. Agromensal: algodão. Piracicaba: Esalq - Usp, 2023.

ECHER, F.R.; BOGIANI, J. C.; ROSOLEM, C. A. Considerações técnicas sobre o manejo de regulador de crescimento no algodoeiro. Cuiabá: IMAmt, 2014. Não paginado. (IMAmt. Circular técnica, 7).

FERREIRA, Alexandre Cunha de Barcellos et al. Algodão no Cerrado do Brasil. 3. ed. 175 Brasília: Positiva, 2015.

Determinação da Lavoura de Algodão e “Cut Out” Fisiológico. Disponível em: . Acesso em: 27 nov. 2022.

ROSSI, A. C. M.; SOUZA, E. R. C. DE; SILVA, M. G. DA. Reguladores de crescimento na cultura do algodão (Gossypium hirsutum L.). Research, Society and Development, v. 9, n. 9, p. e821997951, 8 set. 2020.

SILVA, O. R. R. F. da S.: FERREIRA, A. C. de B.; LAMAS, F. M; FONSECA, R. G. da; SILVA, O. R. R. F.; SOFIATTI, V.; BELOT, J. A colheita do Algodão Adensado. In: BELOT, J. L.; VILELA. P. A. (Org.). O Sistema de cultivo do algodoeiro adensado em Mato Grosso. Cuiabá: Defanti, 2010a. v. 1, p. 293-309.

rodado_do_trator-removebg-preview.png
bottom of page