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Informativo GEA

Podridões de raíz e colo

Fungos fitopatogênicos de solo podem causar grandes perdas econômicas, além de seu controle normalmente ser dificultado. McNew, em 1960 agrupou todas as doenças fitopatogênicas em subgrupos, de acordo com sintomas comuns que causam nas plantas hospedeiras e, portanto, interferindo nos mesmos processos fisiológicos vitais que são afetados por esses patógenos (ELIAS; FERREIRA; BUENO, 2015). Desse modo o autor classificou as doenças em seis subgrupos, sendo eles: I – Podridão de Órgãos de Reserva, II – Damping off, III – Podridão de raiz e colo, IV Doenças Vasculares, V – Manchas, Ferrugens, Oídio, Míldio, VI – Viroses, Galhas, Carvões (BALDIN et al., 2013).

O Grupo III na classificação de McNew representa as podridões de raízes e colo, das quais os processos fisiológicos vitais afetados são a interferência da absorção de água e sais minerais. Portanto são doenças que afetam diretamente o sistema radicular, interferindo também no desenvolvimento da planta (PIRES, 2014). Essas doenças podem ocorrer em plantas em qualquer fase de desenvolvimento, sendo que as plantas mais novas, em geral apresentam maior suscetibilidade a danos maiores e por esse fator são mais passíveis a morrerem (CAMARGO, 2013). Já plantas com desenvolvimento mais avançado possuem maior resistência quando atacadas por fitopatógenos do grupo III e, por consequência são menos passíveis de morrerem, porém essas, quando atacadas podem ter a produtividade comprometida (PIRES, 2014).

Os fitopatógenos causadores da podridão de raízes e colo são parasitas facultativos, ou hemibiotróficos. Sua ocorrência normalmente se dá em reboleiras, podendo sobreviver no solo através de estruturas de resistência, como clasimiósporos e escleródios, por exemplo (MASSOLA; 2019). Quanto à sintomatologia da podridão das raízes, inicialmente ocorre o escurecimento de raízes mais novas, passando de marrom claro (ou coloração avermelhada), para coloração marrom escura ou negra no final. (CAMARGO, 2013). Há também perda de turgidez das raízes, que submetidas a maior pressão desintegram-se (PIRES, 2014).

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Figura 1 - Fusarium solani no feijoeiro

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Fonte: Agrolink

Figura 2 - Phytium sp. em trigo

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Fonte: Bulletin

Já nas podridões de colo, a sintomatologia se dá com lesões deprimidas no caule imediatamente abaixo ou acima da superfície do solo. Podem apresentar ou não estruturas do fungo (hifas, escleródios) (CAMARGO, 2013). Quando com caules tenros, a planta fica susceptível ao tomabento ou estrangulamento, e quando com caule lenhoso, ocorre fendilhamento e escamamento (PIRES, 2014).  Por consequência dos sintomas citados, a planta hospedeira deve também desenvolver sintomas reflexos, como amarelecimento e murcha das folhas, seca ou até morte da planta (CAMARGO, 2013).

Figura 3 - Podridão radicular por Rhizoctonia

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Fonte: Agrolink

Os principais patógenos associados à podridão de raíz e caule são: Pythium sp, Phytophthora sp, Sclerotium sp, Fusarium solani e Phoma dos quais alguns serão abordados a seguir:

Fusarium solani e Rhizoctonia solani - São fungos necrotróficos habitantes de solo capazes de causar danos em diversas espécies vegetais, atuando como colonizadores e decompositores primários de solo. O patógeno F. solani sobrevive saprofiticamente no solo infectando plantas nativas ou em dormência, através de suas estruturas de resistência (micélio e/ou clamidósporos). Já a R. solani sobrevive através de micélio ou escleródios (MIRANDA; 2007). Esses fitopatógenos são cosmopolitas causadores de podridões radiculares de culturas como o feijoeiro e a soja. Por serem fungos necrotróficos e haver poucos hospedeiros geneticamente resistentes, a incidência desses patógenos tende a agravar em casos de cultivos consecutivos de hospedeiras (MIRANDA; 2007).

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Figura 4 - Ciclo da podridão de raízes do feijoeiro causada por Fusarium solani.

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Fonte: Amorim (2011)

Phoma - Agente causal da Mancha de Phoma. Pode ocorrer desde a fase de mudas, até a fase adulta do cafeeiro. Os sintomas dessa doença são: manchas de coloração escura e lesões que podem provocar curvatura dos ponteiros da folha, podendo ocasionar em queda de botões florais, mumificação e queda de chumbinhos, ocasionando diretamente em perdas produtivas (COCATO, 2020).

Figura 5 - Sintomas de doença de Phoma.

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Fonte: Rehagro

Phytophtora sp. : A podridão radicular de Phytophtora apresenta como principais características o apodrecimento ou lenta germinação de sementes, podendo ocasionar em morte de plântulas. Em plantas adultas são caraterísticas a clorose de folhas, a murcha e podridão da haste. Destaca-se que o ótimo desenvolvimento do fungo à temperaturas próximas a 25°C, na qual há a produção de oósporos, que por sua vez podem permanecer nos resíduos vegetais de culturas antecessoras (COSTA, 2020).

Figura 6 - Sintomas causados pela Phytophtora sp.

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Fonte: Koppert biological systems

Como medidas gerais de controle para podridões de raízes e colo, destacam-se evitar que haja excesso de água no solo, através da realização de práticas de descompactação, drenagem, se necessário; realizar a prática de rotação com culturas menos suscetíveis a esses patógenos e com boa exploração radicular; utilizar materiais sadios, uma vez que o inóculo da doença pode advir de sementes ou mudas e , por fim a utilização de agentes do controle biológico, que devem auxiliar na supressão do fitopatógeno através de antibiose, competição e parasitismo (CAMARGO, 2013).

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Redigido por:

Prorrogação - Martin Göbel Kortstee

Louva-Deus - José Gabriel Gonçalves Ribeiro

Referências:

BALDIN, Edson Luiz Lopes et al. Tópicos Especiais em Produção de Plantas. Botucatu – Sp: Fepaf, 2013.

CAMARGO, Margarete. CLASSIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE PLANTAS: MCNEW GRUPO III. Botucatu: Universidade Estadual de São Paulo, 2013.

COCATO, Larissa. Mancha de phoma (Phoma spp) no cafeeiro. Piracicaba: Rehagro, 2020.

COSTA, Ivan Dessler. Podridão radicular de Phytophthora em soja. Mais Soja, 2020.

ELIAS, Alice; FERREIRA, Ana Beatriz Monteiro; BUENO, César Júnior. Produção in vitro de enzimas extracelulares por fungos e sua relação com os sintomas descritos em planta hospedeira. Botucatu: Grupo Paulista de Fitopatologia, 2015.

MASSOLA, Nelson Sidnei. CLASSIFICAÇÃO DE DOENÇAS Doenças dos Grupos II, III e IV. Piracicaba: Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 2019.

MIRANDA, Braycia Afonso de. REAÇÃO DE CULTIVARES DO FEIJOEIRO COMUM ÀS PODRIDÕES RADICULARES CAUSADAS POR Rhizoctonia solani E Fusarium solani f. sp. phaseoli. Goiânia-Go: Universidade Federal de Goiás, 2007.

PIRES, Ednei. Classificação de Doenças de Plantas em grupos. Barra da Estiva - Ba: Moura Borges, 2014.

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