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Informativo GEA

PRODUÇÃO DE FERTILIZANTES FOSFATADOS

Na agricultura mundial, sabe-se que toda cultura exige nutrição adequada para maximização de produtividade.Assim o produtor faz seu planejamento para as safras comprando todo o fertilizante necessário, porém como o fertilizante se comporta no país brasileiro?. No Brasil, grande parte dos adubos é importado, devido a pouca produção e baixa qualidade de matéria prima para esses fertilizantes. Pensando no cerrado brasileiro, que apresenta solos com baixa fertilidade, extremamente intemperizados e com material de origem em sua maioria formados por rochas ácidas, a dificuldade em corrigir sérios problemas em relação ao nutriente fósforo (P) acontece frequentemente. Assim, a demanda por fertilizantes ricos nesse nutriente é crescente na agricultura e essencial para que altas produtividades sejam alcançadas.

            O Brasil importa a maioria dos fertilizantes utilizados na agricultura, cerca de 79%, considerando formulados com NPK. (César, 2017). Na década de 90 os fertilizantes eram mais nacionais que importados, porém isso foi se invertendo com o tempo, como mostrado na imagem abaixo 

 

 

Entre os principais produtores de fertilizantes fosfatados se encontram a China, o Marrocos e os EUA, porém a China também é um dos maiores consumidores (29,3% de todo fosfatado mundial). Mesmo com a China exportando parte dos fertilizantes, os maiores exportadores são: o Marrocos com 24%, a Rússia com 21%, os EUA com 17%, a China com 16% e Israel com 12%. (FAO, 2009). Já os principais fornecedores de fosfatados para o Brasil são: Marrocos (46%), Israel (26%) e Argélia  (14%). (Saab & Paula, 2008).

            A produção é tão expressiva fora do país brasileiro, devido a quantidade de reservas de rochas fosfáticas. O exterior contém a maioria das reservas e o Brasil apenas 1,7% dessas.

 

 

 

 

 

 

A parte industrial, para trazer os fosfatados como adubos ao mercado, cabe a um processo de reações químicas, normalmente juntando, as rochas ricas em fósforo e, ácido sulfúrico, tentando tornar tais fertilizantes mais solúveis. A primeira reação do ácido sulfúrico (H2SO4) em baixo volume com a rocha fosfática forma o Super fosfato simples, caso essa reação for com alto volume de ácido sulfúrico forma-se o ácido fosfórico, que é precursor de quase todos os outros fertilizantes. Além disso, é nessa última reação em que o subproduto formado é o gesso agrícola (CaSO4.2H2O), sendo que para cada tonelada de P2O5 formada, se formam de 4 a 5 toneladas de gesso. (Vtti, 2018).

            A partir do ácido fosfórico (H3PO4) junto a outros reagente, se formam o restante dos fertilizantes. Ao reagir com amônia se formam os nitrogenados MAP (Monoamônio fosfato) e DAP (Diamônio fosfato), a diferença entre os dois, em garantia de N, é que o primeiro possui 12% e o segundo 18%. Mas também, se reagir o ácido fosfórico com o concentrado fosfático (apatita) novamente se forma o superfosfato triplo. (Vtti, 2018). A reação com o ácido sulfúrico traz uma característica de solubilidade aos fertilizantes formados, o que é diferente de outros minimamente processados, como o fosfato natural reativo.

            Além da forma de produção com reações químicas, é possível obter fertilizantes por vias térmicas, os chamados termofosfatos. Tais fertilizantes são produzidos a partir da mistura de concentrados fosfáticos com resíduos de outros nutrientes, como por exemplo o magnésio. Então, essa mistura é levada a um tratamento térmico de até 1200°C até se solubilizarem. Depois sofrem um choque térmico com água, se solidificando novamente. Após isso, são secados e levados ao moinho de bolas, onde se transforma no fertilizante final, termofosfato magnesiano. (Vitti, 2018). Os diferentes fertilizantes produzidos contêm diferentes proporções dos nutrientes, como mostra a tabela.

Pensando no pós industrial, os fosfatados podem ser usados no campo de forma distintas, dentre os tipos de aplicações temos a fosfatagem e a adubação fosfatada que se diferem pelos seus propósitos. A fosfatagem é um método de aplicação de P no solo, como forma de correção e, como consequência, aumentar a eficiência da adubação fosfatada, que é feita por fontes mais solúveis e realizada no sulco de plantio. Como o P possui uma alta reatividade com o solo, sendo adsorvido facilmente, a fosfatagem faz com que os sítios de adsorção sejam ocupados, para que o fósforo fornecido pela adubação fosfatada fique na forma disponível para a planta. (LUZ e VITTI, 2008). As fontes geralmente utilizadas para a fosfatagem são: fosfato natural reativo e o termofosfato magnesiano pelo menor preço, já o restante é utilizada para adubação. O custo operacional da aplicação a lanço de uma fosfatagem, considerando a utilização de um distribuidor simples, gira em torno de R$ 20,00 por hectare. 

O alto preço dos fertilizantes atualmente se deu pelo avanço do dólar em relação ao real. O reajuste aos fertilizantes fosfatados foi de 0,5% e, com a alta, também, das commodities no primeiro semestre de 2020, é de se esperar que a demanda por fertilizantes irá aumentar, fomentando o mercado pelos meses de abril e maio. Isso pode ainda sustentar o preço dos adubos. (Ribeiro, 2020)

Redigido por:

João Eduardo Marcon Zanon  

Referências: 

Cepea. (Agosto de 2019). Custos Grãos. CNA.


César, R. L. (24 de 11 de 2017). Dependência externa de fertilizantes NPK é debatida em Audiência Pública. Embrapa notícias. Brasília, DF: Embrapa.


F. Alleoni, L. R. (2017). Disciplina LSO 300 – Química e Fertilidade do Solo . Fósforo no Solo. Piracicaba, São Paulo, Brasil.


Pauletti, V. (2012). Fósforo. Nutrição mineral de plantas. Paraná, Brasil: UFPR.


Ribeiro, R. (02 de Abril de 2020). Alta nos preços dos fertilizantes no 1o. trimestre de 2020. Fonte: Scot Consultoria: https://www.scotconsultoria.com.br/noticias/todas-noticias/52307/alta-nos-precos-dos-fertilizantes-no-1o.-trimestre-de-2020.htm


Saab, A. A., & Paula, R. (2008). O mercado de Fertilizantes. Diagnósticos e propostas políticas. Política Agrícola, 24.


Vtti, G. C. (2018). “FERTILIZANTES FOSFATADOS: matérias-primas, tecnologia de obtenção. Ação fertilizante e emprego”. Depto. de Ciência do Solo. . Piracicaba, SP: ESALQ.ALASTREIRE, L. A.; ELIAS, A. I.; AMARAL, J. R. AGRICULTURA DE PRECISÃO: MAPEAMENTO DA PRODUTIVIDADE DA CULTURA DO MILHO. REVISTA ENGENHARIA NA AGRICULTURA, v. 5, p. 308-324, 1997.

Fonte: ANDA

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Fonte: Usdi (2007) e IFA (2008)

Participação de fertilizantes no mercado

Reserva mundial de rochas fosfatadas

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Garantia dos fertilizantes fosfatados

Fonte: Vitti,2018

Universidade de São Paulo | Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"

 

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