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Informativo GEA

Controle da cigarrinha-do-milho
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Atualmente, a cigarrinha do milho (Dalbulus maidis), pertencente a ordem Hemiptera e a família Cicadelidae, é a principal praga da cultura do milho no Brasil, se não, a principal praga da agricultura brasileira (ÁVILA et al., 2021). Esse inseto tornou-se um gigantesco problema para os produtores de milho devido a sua função de vetor de três patógenos muito prejudiciais à cultura, sendo esses o Enfezamento vermelho (Maize Bushy Stunt phytoplasma), o Enfezamento pálido (Corn Stunt spiroplasma) e o vírus do Raiado fino (Maize Raiado fino vírus) (WAGUIL et al., 1999).

 Desse modo, quando transmitidas de forma isolada ou combinadas, as doenças resultantes do ataque deste vetor podem causar até 70% de perda de produtividade da lavoura. Como se trata de um inseto sugador, a sua atuação direta na planta terá consequências, mas quando comparadas, a sua grande importância é dada à transmissão dos patógenos (GAROLLO, P, 2021).

Figura 1: Cigarrinha do milho (Dalbulus maidis).

Fonte: Murilo Rafael Pinto, UFSC

Assim, a cigarrinha se alimenta da seiva floemática das plantas, que quando contaminadas com molicutes e/ou com o vírus MRFV, estes se multiplicam nos tecidos da glândula salivar, tornando-a infectante. Dessa forma, o inseto ao se alimentar de outra planta se tornará um vetor de contaminação.

Figura 2: Sintomas do enfezamento pálido (a esquerda) e do enfezamento vermelho (a direita).

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Fonte: Agrointeli.

Figura 3: Sintomas da risca do milho (Maize rayado fino vírus MRFV).

Fonte: Embrapa milho e sorgo.

Deficiência de fósforo (P) e enfezamento vermelho

 

Comumente, em campo, a deficiência de fósforo é confundida com o enfezamento vermelho. Por apresentar um aspecto foliar avermelhado nas duas situações, a diagnose correta deve levar em consideração critérios específicos de cada problema para uma correta diferenciação.

           

Deficiência de fósforo:

  • Plantas jovens com folhas marcadas na coloração vermelho-púrpura;

  • Devido à alta mobilidade nutricional do fósforo a alteração da coloração estará presente nas folhas mais velhas;

  • Geralmente as plantas vizinhas possuem a mesma deficiência;

  • Plantas com crescimento comprometido;

  • Geralmente, a coloração avermelhada é visível somente no estágio juvenil;

  • Espigas pequenas e torcidas.

 

Enfezamento vermelho:

  • Sintomas aparecem após florescimento;

  • Intenso avermelhamento foliar, podendo ocorrer na planta inteira;

  • Encurtamento da planta;

  • Pode ocorrer esbranquiçamento do cartucho quando a planta está nos estádios iniciais, mas desaparece rapidamente;

  • Plantas vizinhas não contaminadas, não apresentarão sintomas.

Figura 4: Deficiência de fósforo no milho.

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Fonte: Yara Brasil

Diversos fatores são apontados como os causadores dessa alta incidência do inseto, como por exemplo a mudança de épocas de plantio, uma vez que nos últimos anos o cultivo do milho chega a ser realizado em até 3 épocas (safras) durante o ano, e vale lembrar que o Zea mays é a principal planta hospedeira da D. maidis.

Figura 5: Conjunto de boas práticas agrícolas para o manejo da Dalbulus maidis.

Fonte: Embrapa

A cigarrinha do milho não possuí uma difícil forma de identificação, o inseto mede de 3,5 a 4,5 mm, asas semitransparentes e são brancas, facilmente encontradas dentro do cartucho da planta, com alta pressão de incidência do estágio VE a V5, o seu ciclo de vida dura em média 25 a 30 dias e o que mais dificulta seu controle efetivo é o hábito de migrarem de plantas adultas para plântulas recém-emergidas (PROCEDI, 2019).

Figura 6: Fases fenológicas onde a cigarrinha tem maior incidência.

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Fonte: Agrointeli.

Sendo assim, necessário que se faça o controle desse inseto da forma mais imediata e mais efetiva possível, visando diminuir os danos indiretos causados pela cigarrinha ao final do ciclo.

Como método de controle mais efetivo coloca-se o controle químico, realizado através de inseticidas, podendo esses serem aplicados tanto em TS (Tratamento de sementes) quanto em pulverizações com a cultura já estabelecida a campo, sendo a segunda opção a mais comum nas lavouras brasileiras. Levando-se em conta eficiência nesse método de controle alguns ingredientes ativos desses inseticidas são os mais comuns nas aplicações como por exemplo Tiametoxam, Lambdacialotrina, Etíprole, Imidacloprid, Bifentrina, Porfenofós, Cipermetrina, Acefato e Metomil. (JÚNIOR, 2021).

Tabela 1: Eficiência do controle (%) de cigarrinha em plantas de milho aos 1, 4, 7, 10 e 14 dias após a segunda aplicação dos tratamentos. São Gabriel do Oeste, MS, 2021.

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Fonte: Fundação MS, 2021.

O uso de biológicos como inseticidas é uma ferramenta que cresce em torno de 15% ao ano em todo o mundo. No Brasil, o uso em 2020 frente 2019 aumentou em torno de 75%. 

Para controlar a cigarrinha existem diversos produtos no mercado, os mais conhecidos são dois fungos: Beauveria bassiana e Isaria fumosorosea.

 

Bauveria Baussiana

 

O uso ocorre com aplicação direta sobre a lavoura. A infecção acontece via tegumento do inseto, com germinação de 8 a 12 horas. Após 72 horas da inoculação o inseto apresenta-se colonizado, com o tecido gorduroso atacado, seguido pelo tecido intestinal, tubos de Malpighi, e assim por diante. A morte ocorre graças a falta de nutrientes e substâncias tóxicas. A cigarrinha irá apresentar micélio branco na parte externa do corpo que por último será transformado em massas pulverulentas de conídios esverdeados.

Figura 7: Beauveria bassiana atacando Dalbulus maidis.

Fonte: Agro Brasil

Tabela 2: Instruções de uso do produto Atrevido (Beauveria bassiana) da Koppert.

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Fonte: Koppert Biological Systems

Isaria fumosorosea

 

A atuação do fungo Isaria fumosorosea acontece de maneira direta com a cigarrinha. Os esporos do parasita são pulverizados sobre o inseto, que ficam aderidos ao seu tegumento. Dessa maneira, os conídios iniciam o processo de germinação produzindo um complexo de enzimas que irão degradar o tegumento da Dalbulus maidis possibilitando a entrada no corpo do hospedeiro. Após a penetração, o fungo continua a liberar enzimas e metabólitos no interior do inseto, levando-o à morte. Por último, o fungo coloniza a parte externa do inseto com uma fina e purulenta camada de conídios de tom rosa. 

Tabela 2: Instruções de uso do produto Atrevido (Beauveria bassiana) da Koppert.

Fonte: Agro Brasil.

Tabela 3: Instruções do uso do produto Octane (Isaria fumosorosea) da empresa Koppert.

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Fonte: Koppert Biological Systems

Tais biológicos como os que foram citados acima devem ser aplicados na lavoura preferencialmente nas horas mais frescas, dias parcialmente nublados ou com garoa bem fina. A radiação UV é um fator de inviabilização dos fungos, que em alta exposição prejudicará o controle das pragas pela perda dos biológicos.

Redigido por:

Inbosk-da - João Victor Campos Ribeiro

Filho-De - Vinicius Patamares

Referências bibliográficas:

ÁVILA, Crébio José et al. A cigarrinha Dalbulus maidis e os enfezamentos do milho no Brasil. Plantio Direto e Tecnologia Agrícola, [s. l], v. 1, n. 182, p. 18-25, 31 ago. 2021. Disponível em: https://www.plantiodireto.com.br/artigos/1522. Acesso em: 24 ago. 2022. (ÁVILA et al., 2021)

BEM JÚNIOR, Luciano del. Eficiência de inseticidas no controle químico da cigarrinha: protocolo fms/hnt- 1556. Protocolo FMS/HNT- 1556. 2021. Disponível em: file:///C:/Users/Jo%C3%A3o%20Victor/Downloads/fms___cigarrinha_quimico_sgo___35_trats.pdf. Acesso em: 24 ago. 2022. Júnior (2021)

 

Bula do OCTANE Koppert 

Registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA sob nº 30917 COMPOSIÇÃO: Isaria fumosorosea CEPA

 

Bula do Atrevido

https://www.adapar.pr.gov.br/sites/adapar/arquivos_restritos/files/documento/2020-10/atrevido110719.pdf

 

GAROLLO, P. Cigarrinha do milho: tudo o que você precisa saber para combater. Disponível em: https://www.agro.bayer.com.br/essenciais-do-campo/alvos-e-culturas/pragas/cigarrinha-do-milho. Acesso em: 23/08/2022

 

Oliveira, Elizabeth. Embrapa Milho e Sorgo Risca (Maize rayado fino virus-MRFV) — Panorama Fitossanitário Acesso em: 23/08/2022.

 

PANIAGO, Bruno. 4 fundamentos para o controle químico do milho: cigarrinha do milho controle químico. Cigarrinha do milho controle químico. 2021. Disponível em: https://blog.agrointeli.com.br/blog/cigarrinha-do-milho-controle-quimico/. Acesso em: 25 ago. 2022. (PANIAGO, 2021)

 

PROCEDI, Andreia. Alerta para o manejo da cigarrinha do milho: inseto pode causar prejuízos consideráveis no campo. Inseto pode causar prejuízos consideráveis no campo. 2019. Disponível em: https://maissoja.com.br/alerta-para-o-manejo-da-cigarrinha-do-milho/. Acesso em: 24 ago. 2022.

 

WAGUIL, José M. et al. Aspectos da biologia da cigarrinha do milho: dalbulus maidis. Dalbulus maidis. 1999. Disponível em: https://www.scielo.br/j/aseb/a/5gmpWKRrPWz6xTHDTtZwFQt/?lang=pt&format=pdf. Acesso em: 25 ago. 2022.

WAQUIL, J. M. Cigarrinha-do-milho: vetor de molicutes e vírus. Disponível em: https://www.embrapa.br/documents/1344498/2767891/cigarrinha-do-milho-vetor-de-molicutes-e-virus.pdf/17d847e1-e4f1-4000-9d4f-7b7a0c720fd0. Acesso em: 23/08/2022.

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