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Informativo GEA

Manejo do Bicudo na cultura do algodão
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O bicudo-do-algodoeiro (Anthonomus grandis), pertencente à ordem Coleoptera e a família Curculionidae, é um inseto que foi coletado pela primeira vez entre 1831 e 1835 no México, mas que chegou ao Brasil somente por volta de 1983, quando foi observado pela primeira vez próximo a Campinas, no estado de São Paulo. Este é considerado a principal praga do algodoeiro devido a sua alta capacidade reprodutiva e destrutiva, podendo causar perdas que chegam a 100%, sendo muito relevante economicamente para a cultura do algodão (GABRIEL, D., 2016).

O bicudo-do-algodoeiro pode ser identificado, quando jovem, como uma larva com formato curvado, coloração branco-leitoso e desprovida de pernas, se encontrando nos botões, flores e maçãs atacadas, onde passam por suas fases larval e pupal. Já os adultos são besouros de cor cinza a castanho, apresentando o bico com cerca de metade do comprimento do corpo e se encontram dentro das flores abertas ou nas brácteas (MIRANDA, J. E, 2010).

Figura 1: Larva do bicudo em flor de algodoeiro.

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Fonte: Embrapa, 2010

Figura 2: Adulto do bicudo atacando o botão floral do algodão

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Fonte: Nordeste Rural, 2017.

A identificação da injúria provocada pelo bicudo-do-algodoeiro pode acontecer por uma queda excessiva de botões florais, já que é alvo de alimentação das larvas e adultos; e também da flor em formato de balão, já que as pétalas não se abrem normalmente. Também, o bicudo ataca as maçãs, preferindo as mais pequenas pelo fato de a superfície ainda estar mais tenra, o que facilita sua alimentação. Esta praga utiliza de suas mandíbulas para realizar orifícios de alimentação e postura, sendo os primeiros mais largos e profundos, mas os dois podem causar amarelecimento e queda do botão floral (GABRIEL, D., 2016).

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Figura 3: Orifício de oviposição do bicudo-do-algodoeiro.

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Fonte: Instituto Biológico de Campinas, 2016.

Figura 4: Orifício de alimentação do bicudo-do-algodoeiro.

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Fonte: Instituto Biológico de Campinas, 2016.

orificio de alimentação do bicudo.png
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Assim, faz-se necessário o monitoramento constante para buscar reduzir a pressão do bicudo na lavoura de algodão, uma vez que permite ver a chegada dos adultos na área para uma intervenção mais rápida, pois somente os adultos são atingidos pelos inseticidas. O uso de armadilhas com feromônio sintético é bem eficiente para identificar e quantificar a população de bicudo que está migrando para a lavoura recém-implantada. Sendo assim, duas vezes por semana durante nove semanas as capturas devem ser registradas, a fim de gerar um índice conhecido como BAS (bicudo/armadilha/semana), de modo que após o surgimento do primeiro botão floral, esse índice resulte em um número de aplicações que devem ser realizadas. Caso sejam registrados mais de 3 BAS, é considerado zona vermelha (3 aplicações); entre 1 e 2 BAS, zona amarela (2 aplicações); 0 a 1 BAS, zona azul (1 aplicação) e 0 BAS, zona verde (nenhuma aplicação). (SANTOS, 2015).

Figura 5: Armadilhas com feromônios na bordadura da lavoura.

armadilha para o bicudo.png

Fonte: Revista Cultivar

Figura 6: Dispositivo atrai-e-mata ao lado de plantas de algodoeiro.

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Além disso, outra forma utilizada para controle comportamental do bicudo do algodoeiro é o uso de dispositivos atrai-e-mata, que consiste em um tubo de papelão amarelado contendo inseticida malationa e óleo de algodão, juntamente com um feromônio do inseto mais concentrado. O objetivo deste dispositivo também é estratégico pensando em reduzir a população de bicudo e controlar os remanescentes de final de safra, por serem dispostos nas faixas de migração dos insetos para as matas (MIRANDA, J.E. & RODRIGUES, M.M.S, 2018).

dispositivo atrai e mata bicudo.png

Fonte: Embrapa, 2018.

Em relação ao controle cultural, principalmente em regiões em que é conhecido histórico de ataque de bicudo, realizar uma semeadura concentrada em 30 ou 40 dias entre os produtores da região, o que pode encurtar o período com estruturas reprodutivas que podem ser atacadas pela praga. Também é necessário uma eficiente destruição de soqueiras, para que não haja plantas de algodão que possam servir para a permanência e reprodução do inseto. Além disso, preparo de solo antecipado e uso de variedades precoces, bem como respeito ao vazio sanitário, que varia de acordo com a região (SANTOS, 2015.)

Já o controle químico do bicudo-do-algodoeiro pode ser realizado com aplicação de alguns inseticidas de grupos químicos diferentes alternadamente. Os principais ingredientes ativos utilizados são: malathion, fipronil, methidathion, fenitrotion + esfenvalerate, profenofos + cipermetrina, etiprole, tiametoxan + lambda-cialotrina e carbossulfano (OHL, G., 2022).

Além disso, o acréscimo de óleo de algodão e as formulações UBV (ultra baixo volume), SC (suspensão concentrada) e EW (emulsão aquosa concentrada), e aplicações em BVO (baixo volume oleoso), apresentam melhores resultados de controle, também em relação ao residual. Assim, muitos produtores optam pela pulverização aérea, realizada com UBV, muitas vezes em conjunto, para obter um melhor controle dessa praga na região (SANTOS, 2015).

Tabela 2: Produtos registrados para o controle do bicudo-do-algodoeiro em lavouras de algodão.

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produtos para o controle do bicudo.png

Fonte: Adaptado de Melo et al., 2017

Portanto, para realização de um bom manejo do bicudo na cultura do algodoeiro, todas as medidas citadas acima são fundamentais e devem ser realizadas de maneira complementar. Isso se resume em um manejo integrado que por meio de ações coletivas entre produtores, o conhecimento dessa praga por meio de pesquisas e a fiscalização, poderão dar continuidade à atividade algodoeira na presença do bicudo.

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Redigido por:

C-quéla - Otavio Ferreira

Referências:

GABRIEL, Dalva. O bicudo do algodoeiro. 2016. Disponível em: http://www.biologico.sp.gov.br/uploads/docs/dt/bicudo_algodoeiro.pdf. Acesso em: 13 mar. 2022.

MIRANDA, José Ednilson. Manejo integrado de pragas do algodoeiro no cerrado brasileiros. 2010. Disponível em: https://www.embrapa.br/documents/1344498/2767789/manejo-integradode-pragas-do-algodoeiro-no-Cerrado-brasileiro.pdf/a9c122a3-6d07-44b4-a281-6c50682c31bd. Acesso em: 13 mar. 2022.

MIRANDA, José Ednilson; RODRIGUES, Sandra Maria Morais. O tamanho do prejuízo do bicudo e a necessidade do monitoramento. 2018. Disponível em: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/37767331/artigo---o-tamanho-do-prejuizo-do-bicudo-e-a-necessidade-do-monitoramento. Acesso em: 13 mar. 2022.

MATIOLI, Thais Fagundes. Como fazer o manejo integrado do bicudo-do-algodoeiro. 2020. Disponível em: https://blog.aegro.com.br/bicudo-do-algodoeiro/. Acesso em: 13 mar. 2022.

SANTOS, W. J. Manejo das pragas do algodão, com destaque para o cerrado

brasileiro. In: FREIRE (Ed.). Algodão no Cerrado do Brasil. 3. ed. Brasília:

Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (ABRAPA), 2015. p. 267.

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