Informativo GEA
Maquinário em preparo de solo


1. INTRODUÇÃO
Vários fatores estão relacionados ao sucesso de uma cultura. Uma delas é o preparo de solo. O preparo do solo, engloba uma série de atividades que envolvem a movimentação do solo, com o objetivo de estabelecer condições propícias para o desenvolvimento das culturas (GÍRIO et a.l, 2024).
Uma área agrícola de produção deve ter como meta principal estabelecer um sistema que conserve os recursos naturais e os fatores de produção, como a viabilidade econômica, resultando na longevidade do sistema produtivo (CÂMARA G. M., 2015).
Um bom preparo do solo deve resultar nessas características: 1) um ambiente adequado para as sementes (ou mudas) se desenvolverem; 2) condições favoráveis para a absorção de umidade e nutrientes; 3) bom controle de plantas daninhas; 4) condições adequadas da superfície (COSTA, J. A., 1996)
A prática de preparar o solo se originou quando o homem passou a ter domínio do cultivo, nos meados dos anos 2000 antes de Cristo na região da Mesopotâmia, inicialmente com ferramentas rudimentares, feitas de pedra, madeira ou ossos (GÍRIO et al., 2024).
Essa prática, foi se aperfeiçoando com o passar do tempo, foram utilizados animais para tracionar implementos feitos de madeira, e posteriormente melhorados com pontas de metal, garantindo durabilidade e maior eficácia (GÍRIO et al., 2024).
No ano de 1760, na Escócia, foi introduzida o arado com aivecas de metal, e desde então, se tornou um dos principais implementos utilizados na agricultura. A partir dos anos de 1970, a grade passou a assumir papel principal no preparo de solo devido a sua maior capacidade operacional (GÍRIO et al., 2024).
Na agricultura moderna, o preparo periódico do solo é considerado uma operação básica e, nas últimas décadas, vem passando por considerável evolução. Nos últimos anos, a atenção está voltada para sistemas de semeadura direta e de preparo reduzido ou de cultivo mínimo do solo, ou seja, para aqueles cujas operações resultem em menor consumo de energia, que visem à conservação do solo e da água e não causem prejuízos no desenvolvimento e na produtividade das plantas (COAN, 1995).
2. MODOS DE PREPARO DE SOLO
Atualmente, existem dois principais modos de preparo de solo: o preparo convencional, o preparo mínimo.
O preparo convencional caracteriza-se pela grande movimentação do solo, tanto horizontalmente, quanto verticalmente em profundidade, nesse modo é comum o uso de arados e grades médias.(CÂMARA G. M., 2015).
O preparo mínimo refere-se à pouca movimentação do solo, deixando ainda, cerca de 20 a 30% de restos culturais (BAYES, 1982). O enfoque principal desta categoria é o uso de escarificadores e/ou grades leves (CÂMARA G. M., 2015).
Nos dias atuais, métodos como preparo reduzido do solo, semeadura direta e escarificação esporádica em áreas de lavoura vêm sendo adotados em substituição aos preparos convencionais, no intuito de mitigar problemas de degradação do solo. (MAZURANA et al., 2011)
3. FATORES A SEREM CONSIDERADOS
Para haver o início do preparo de solo, primeiramente, deve-se compreender os fatores relevantes que podem afetar as operações necessárias para criar condições adequadas para a implantação da devida cultura.(BALASTREIRE,L.A., 1990)
Nesse sentido, diversos fatores devem ser levados em consideração, incluindo características físicas, químicas e biológicas do solo, condições climáticas da região, tipo de vegetação, topografia e finalidade do terreno para os diferentes tipos e manejos para a efetivação do plantio. (BALASTREIRE,L.A., 1990).
Portanto, quando a consideração dos mais variados fatores é levado em conta e o sistema de preparo do solo é feito de forma eficiente, ele irá proporcionar condições físicas e químicas ideais para que a planta tenha uma brotação de qualidade juntamente com um excelente crescimento e desenvolvimento radicular e com isso garanta o estabelecimento da cultura ali presente. (BALASTREIRE,L.A., 1990).
4. MAQUINÁRIO UTILIZADO NO PREPARO DE SOLO 4.1. Arados
Em relação aos arados, sua principal função é o corte, elevação e inversão de uma camada de terra, por meio da parte ativa do arado. Esses se subdividem em dois grupos, arados de aiveca e arados de disco (GALETI, P. A., 1981).
Os arados de aiveca, tem a aiveca como parte ativa e penetrante no solo, normalmente mais leves e, quando bem regulados, tem vantagem no que se refere à penetração, além disso, podem ser reversíveis, tendo a capacidade de inverter o sentido das aivecas, facilitando as manobras e otimizando a eficiência da aração (GALETI, P. A., 1981).
O arado de discos é um implemento agrícola projetado para efetuar a aração por meio de discos curvados com movimento rotativo. Quando se trabalha com este tipo de arado, o sulco apresenta formato semi-circular. Geralmente, para solos arenosos e com menor resistência são usados discos lisos como peça ativa, já para solos com maior resistência são recomendados discos de borda recortada. Para permitir o livre movimento dos discos, são utilizados cubos, que funcionam como um mancal de rolamento. (GÍRIO et al., 2024).
Arado de aiveca reversível. (Fonte: Tatu Marchesan).
Arado de Aiveca Fixo (Fonte: Tatu Marchesan).
Arado de Discos Fixo (Fonte: Tatu Marchesan).
Arado de Discos Reversível ‘’AR’’. (Fonte: Tatu Marchesan).
4.2. Grades agrícolas
As grades agrícolas tem como objetivo principal o destorroamento e nivelamento do solo. No entanto, esses implementos podem ser adaptados para outras funções dentro de uma área, tais como a aração, escarificação e incorporação de adubos. Dito isso, as grades possuem uma ampla importância e gama de aplicação dentro de uma propriedade. (GIRIO et al., 2024). Esse implemento, possui distinções no que tange à peça ativa, pode-se ter os discos e os dentes.
As grades de dente são muito pouco utilizadas atualmente e possuem outra série de categorizações, tais como: Dentes rígidos, flexíveis ou molas, oscilantes, giratórios e de eixo rotativo. Contudo, as grades da categoria dentada vem sendo pouco utilizadas atualmente.
As grades de disco, atualmente as mais usadas, são aquelas em que a peça ativa é uma calota esférica, também conhecida como disco. Essas, possuem diversas tipificações, tais como: ação simples ou dupla, formato de chassi e disco. (GALETI, P. A., 1981).
As grades de disco ação simples, efetuam somente uma gradagem na terra por passada de trator, já a de dupla ação, possui duas camadas de discos, que se dispõem em sentidos inversos e tem função de uniformizar o solo (GALETI, P. A., 1981). As de dupla ação, são divididas basicamente em duas classificações, “off-set” ou “em V” e “tandem” ou “em X”.
Grade de disco “off-set” (Fonte: Tatu Marchesan).
Grade de discos “tandem” (Fonte: Baldan).
4.2.1 Grades aradoras
A grade aradora é utilizada para realizar o preparo primário do solo. Sua função principal é cortar e incorporar restos culturais, descompactar a camada superficial e promover o destorroamento, deixando o solo aerado e uniforme para operações subsequentes, como a gradagem leve ou a semeadura. (BORÉM et al., 2015).
Ao contrário do arado, que realiza uma intensa movimentação vertical do solo, as grades em geral, realizam predominantemente movimentações horizontais e laterais, o que beneficia sua operação em certas condições e a limita em outras, sendo necessário analisar todos os fatores relevantes antes de haver a escolha e efetivação da operação. (BORÉM et al., 2015).
A grade aradora é composta por discos de aço (lisos ou recortados), montados em seções chamadas de “seções ou alas”, dispostos de forma a penetrar no solo e revolvê-lo. O uso da grade aradora é indicado em áreas com resíduos vegetais densos, solos compactados ou com necessidade de incorporação de corretivos e adubos orgânicos. É comum ser tracionada por tratores e pode variar em tamanho e peso conforme a potência do equipamento e as condições do solo. (BORÉM et al., 2015).
Grade Aradora ‘’GAPCR’’. (Fonte: Tatu Marchesan).
4.2.2 Grades niveladoras
As grades niveladoras tem função de refinamento do trabalho desagregando leivas “torrões” deixados pela grade aradora, além de nivelar o terreno, podem ser associadas a uma “prancha” ou rolo de madeira, visando estabelecer uma superfície plana, rugosa e favorável ao desenvolvimento das culturas e operações agrícolas subsequentes. Geralmente trabalham em profundidades menores e utilizam discos com menor diâmetro (CÂMARA G. M., 2015).
Grade Niveladora ‘’GNFM’’. (Fonte: Tatu Marchesan).
4.3. Terraceador
O terraceador é o implemento que promove a desagregação, elevação da terra e acabamento na construção dos terraços com maior eficiência e qualidade. A mobilização é feita em dois sentidos, de cima para baixo e de baixo para cima, transversal à linha de declive e, neste momento, se faz necessário observar se as leivas de terra estão se sobrepondo, formando uma elevação uniforme após algumas passadas. (GÍRIO et al., 2024).
O terraceador é formado por três partes de chassis, sendo um frontal e dois laterais, e o cabeçalho com engate para acoplamento à barra de tração ou no sistema de engate hidráulico de três pontos. O chassi frontal possui um conjunto de rodas acionadas por um pistão hidráulico através do controle remoto utilizado tanto no transporte quanto na operação, sendo efetivo na regulagem do ângulo de corte dos discos, dando forma ao terraço. Nos chassis laterais estão acoplados os discos de corte, estes também são dotados de braços telescópicos articuláveis, que permitem o fechamento dos chassis facilitando o seu transporte. Há também o disco de roda guia, dotada de regulagem para o alinhamento do terraceador quando em uso. Cada disco possui um mancal de rolamento que necessita regularmente ser lubrificado com óleo ou graxa. (GÍRIO et al., 2024).
Terraceador (Fonte: Civemasa).
4.4. Subsolador
O subsolador visa o rompimento ou “quebra” de camadas adensadas e/ou compactadas em partes mais inferiores do solo. (GALETI, P. A. 1981). Os subsoladores ainda vem sendo bastante utilizados nos dias atuais, principalmente em uso periódico (GÍRIO et al., 2024). Subsoladores rompem o solo por meio da propagação trincas nas linhas de fraturas naturais ou por meio da interface dos agregados. Utilizam hastes que penetram o solo e provocam o rompimento tridimensional (GÍRIO et al., 2024).
Os subsoladores são constituídos basicamente por: chassi, haste, ponteiras. O chassi, é onde as hastes são fixadas, e podem ter formato reto ou em “V”. As hastes têm quatro variações, sendo elas: reta, inclinada, curva e parabólica, essa variação de formato gera alteração na potência necessária e profundidade da operação. As ponteiras podem ser aladas ou convencionais, e variam principalmente a área de solo que é mobilizada. As aladas, geralmente geram uma mobilização trapezoidal no solo, enquanto a convencional, segue o formato retangular. (GÍRIO et al., 2024).
Arado Subsolador (Fonte: Tatu Marchesan)
5. OPERAÇÕES REALIZADAS
5.1 Aração
A aração do solo é uma técnica de inversão das camadas do solo para que aumente os níveis de oxidação da matéria orgânica. Essa prática consiste no revolvimento e quebra do solo, preparando-o para o cultivo e proporcionando diversos benefícios ao plantio. (BORÉM et al., 2015).
Durante o procedimento de aração, o solo passa por um processo de quebra e soltura, favorecendo a melhoria de sua estrutura. Esse processo realiza a descompactação da camada superficial do solo, contribuindo para a entrada de ar, água e nutrientes e sua chegada até as raízes das plantas, criando um ambiente propício para o crescimento saudável das culturas. (BORÉM et al., 2015).
5.2 Gradagem
A gradagem pesada envolve o uso de grades equipadas com discos de maior diâmetro e peso, geralmente acima de 24 polegadas. Essa operação tem como objetivo principal o destorroamento intenso do solo, promovendo a fragmentação de grandes torrões e o revolvimento mais profundo da camada superficial. Ela é frequentemente utilizada em solos compactados ou com grande quantidade de resíduos, sendo vital para melhorar as condições físicas do solo, permitindo melhor incorporação de calcário, restos culturais e fertilizantes, tendo como efeito direto o bom desenvolvimento do sistema radicular e, contudo, da planta. (BORÉM et al., 2015).
A gradagem leve consiste na operação de preparo superficial do solo, sendo realizada com discos de menor diâmetro, geralmente entre 16 e 22 polegadas, e menor peso por disco. Sua principal função é o nivelamento da superfície, quebra de pequenos torrões remanescentes após o uso de grades pesadas ou arados e o controle inicial de plantas daninhas. Essa operação também ajuda a criar uma camada superficial mais fina, ideal para a semeadura, além de proporcionar uma leve incorporação de corretivos ou fertilizantes aplicados à lanço. Seu uso é comum em sistemas de preparo convencional e em solos já bem estruturados. (BORÉM et al., 2015).
5.3 Terraceamento
O terraceamento consiste basicamente na elevação da terra transversal ao sentido do declive do terreno de forma a interceptar a água antes que ela atinja uma velocidade capaz de provocar o arraste de partículas do solo. A estrutura de interceptação criada pela movimentação de solo permite a infiltração da água de forma lenta, mantendo a umidade do solo e contribuindo para o reabastecimento dos aquíferos. (BORÉM et al., 2015).
Quanto à função, pode ser classificado como terraço de drenagem, sendo que, neste caso ocorre a interceptação e o escoamento parcial do excesso de água, que é conduzida para um canal de escoamento. Este tipo de terraço é indicado para solos com permeabilidade moderada ou lenta e de baixa infiltração. A movimentação de terra para construção da estrutura deste terraço é com curvas em desnível, denominado também de terraço em desnível. Já o terraço de infiltração ou em nível, possui movimentação da terra para elevação da estrutura em curvas em nível, por isso, possui como função a interceptação da água e sua retenção, fazendo-a infiltrar lentamente no perfil do solo. (BORÉM et al., 2015).
5.4 Subsolagem
A subsolagem é uma operação que têm como objetivo o rompimento das camadas compactadas do solo, conhecidas como camadas adensadas ou "pé-de-grade", que acabam dificultando o crescimento das raízes, a infiltração de água e a aeração do solo. (GÍRIO et al., 2024).
Essa operação é realizada com o uso de subsoladores, sendo que estes, possuem hastes robustas e estreitas, capazes de penetrar profundamente no solo, geralmente entre 30 a 60 cm de profundidade, sem revolver excessivamente a camada superficial. A subsolagem é indicada principalmente em áreas onde há compactação causada por tráfego de máquinas ou pisoteio de animais, sendo essencial para restaurar a estrutura do solo, melhorar o desenvolvimento radicular e aumentar a eficiência do uso da água e dos nutrientes pelas plantas. (GÍRIO et al., 2024).
Redigido por:
Eduardo Gatto Levinski (Di-botas);
Felipe Augusto Rodrigues (Mula-d-ro).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BALASTREIRE, Luiz Antônio. Máquinas agrícolas. São Paulo: Editora Manole
LTDA, 1987.
CÂMARA, Gil Miguel de Sousa. Preparo do solo e plantio. In: SEDIYAMA, Tuneo; SILVA, Felipe; BORÉM, Aluízio (ed.). Soja – do plantio à colheita. [S. l.: s. n.], 2015. cap. 4.
DE FIGUEIREDO, P. R. A. Otimização do desempenho de uma máquina de preparo mínimo de solo. [S. l.]: Universidade Estadual de Campinas, 1991.
GALETI, Paulo Anestar. Mecanização agrícola – preparo do solo. [S. l.: s. n.], 1981.
GÍRIO, Lucas A. S. et al. Manual de máquinas agrícolas. [S. l.: s. n.], 2024.
SILVA, Felipe et al. Soja: do plantio à colheita [prefácio]. In: ______. Soja: do plantio à colheita. São Paulo: Oficina de Textos, 2022. Acesso em: 8 ago. 2025.


















































