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Informativo GEA

Manejo biológico da cigarrinha-do-milho
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1. INTRODUÇÃO

1.1 RELEVÂNCIA DO MILHO

             O milho é uma das principais culturas cultivadas no Brasil e a mais plantada no mundo. Segundo dados da CONAB (2024), na safra 2023/24 o milho representou um plantio de 21,058 milhões de hectares, considerando a produção de todas as três safras realizadas ao longo do território brasileiro. Sua produtividade foi de 5495 kg/ha, resultando em uma produção total de 115,722 milhões de toneladas do grão.

             De acordo com o USDA (2024), o Brasil é o terceiro maior produtor mundial, seguindo uma ordem de: Estados Unidos (389,67 milhões de toneladas), China (288,84) e em terceiro o Brasil.

             O Estados Unidos é o maior exportador, com 31,6%, o Brasil com 23,4% e em terceiro a Argentina, com 17,8%, segundo dados do ministério da agricultura e pecuária (2024).

             De toda essa produção, seus destinos são variados, mas principalmente voltados para a alimentação animal, sendo o setor o destino de quase 43% da produção total (SINDIRAÇÕES, 2023).

 

1.2 IMPACTOS DA CIGARRINHA

             A cigarrinha do milho (Dalbulus maidis) pode causar danos tanto diretos, pela sucção da seiva da planta, como indiretos, no caso de ser vetor de doenças. Em geral, os danos diretos se resumem na redução de fotoassimilados disponíveis para a planta, reduzindo seu vigor. Os danos indiretos já são mais variados, com a transmissão de enfezamentos na lavoura (ÁVILA et al., 2013).

Imagem 1: Cigarrinha do milho (Dalbulus maidis).

Fonte: Sementes Biomatrix (2020).

             Um dos danos indiretos que podemos citar é a ocorrência de fumagina, em decorrência de sua alimentação, ao sugar a seiva da planta, ela gera uma excreção do denominado “honeydew”, uma substância açucarada que favorece com que fungos do gênero Capnodium geram a fumagina na folha da planta, no limbo foliar, o que impacta a planta, principalmente, por reduzir a fotossíntese da mesma, gerando danos em cadeia, como seu desenvolvimento reduzido (ÁVILA et al., 2013).

Imagem 2: Fumagina no limbo foliar da planta de milho.

Fonte: ÁVILA et al. (2020).


             Os enfezamentos (pálido e vermelho) são transmitidos por molicutes, estes que são bactérias que se diferenciam por não possuírem parede celular. São doenças sistêmicas e vasculares, sendo o enfezamento vermelho transmitido pelo fitoplasma e o pálido pelo espiroplasma.   Ambos os patógenos serão prejudiciais por se alojarem nos vasos condutores do floema da planta do milho, causando diversos prejuízos para a cultura por afetar a translocação de fotoassimilados, regulação hormonal, entre outros prejuízos. (ÁVILA et al., 2013).

             A transmissão, de forma mais detalhada, é persistente e propagativa, ocorre a partir da chegada da penetração nas glândulas salivares, onde há o acúmulo de molicutes na cigarrinha, há a reprodução (período latente) e, por fim, há a transmissão quando ocorre a salivação.

             A cigarrinha realiza a picada de prova, caminha ao mesófilo e ocorre a alimentação floemática. Para o inseto adquirir os molicutes, há uma necessidade de ingestão de 30 a 60 minutos, sendo o período latente de 3 a 4 semanas, para que dessa forma consiga infectar demais plantas sadias.

Imagem 3: Ao lado direito temos o enfezamento pálido e ao esquerdo o vermelho.

 

 

 

 

 

Fonte: Adaptado de ÁVILA et al. (2013).

             Além dessas doenças causadas por molicutes, um terceiro problema que as plantas de milho podem apresentar é a virose da risca, muito conhecida como rayado fino, a qual pode resultar em uma perda por volta dos 30% da produção. Como as doenças são transmitidas pela cigarrinha do milho (Dalbulus maidis), podem e normalmente ocorrem ao mesmo tempo, causando impactos maiores ainda para a produção (OLIVEIRA et al., 2009).

Imagem 4: Vírus do rayado fino

Fonte: Adaptado de ÁVILA et al. (2013).

             Esses problemas irão resultar em menor crescimento de plantas, maior abortamento de frutos e, de forma simplificada, irão reduzir drasticamente a produtividade (ÁVILA et al., 2013).

1.3 IMPACTOS ECONÔMICOS

             Como sabemos, os impactos da cigarrinha são enormes na cultura do milho, com seus danos estimados em até 70% da produção (ÁVILA et al., 2013). Segundo estudos realizados pelo Cepea (2021), a cigarrinha foi responsável por elevar os custos de produção em mais de R$200 por hectare.

             Com isso, sabemos que além do gasto com inseticidas para tentar fazer um controle bem sucedido, que pode estar sujeito a falhas, ainda teremos as perdas causadas pelas doenças que pode transmitir, sendo um problema muito relevante para a cultura.

2. MANEJO BIOLÓGICO DA CIGARRINHA-DO-MILHO

2.1 CENÁRIO ATUAL

             Controle biológico é definido como a aplicação e os efeitos de inimigos naturais sobre uma praga, reduzindo seus impactos para que não mais seja danosa financeiramente ao produtor rural. Para esse controle são utilizados desde fungos até microvespas (PICANÇO, 2010).

             Cada vez mais vemos o controle biológico passando o controle com defensivos químicos nas culturas; essa realidade vem por diferentes motivos. Estes podem ser citados como a redução da exposição dos aplicadores dos produtos a químicos, também pela redução dos riscos ambientais, sendo um menor risco de afetar os inimigos naturais das pragas que desejamos combater, temos a questão do resquício de produto no produto final, entre outros pontos que acabam por atrapalhar a sua comercialização e aceitação cada dia mais no mercado (JUNIOR, 2020).

2.2 MANEJO DA CIGARRINHA DO MILHO

             Um dos principais controles biológicos para a cigarrinha do milho tem sido o uso de fungos entomopatogênicos, como a Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae. Ambos são fungos que atuam ao usar os insetos presentes como hospedeiros, germinando e liberando conídios (NOGUEIRA et al., 2021).

             Outro controle que devemos citar é o de cigarrinhas com a aplicação de Isaria fumosorosea, o manejo de biológicos tem sido muito importante para o controle da cigarrinha do milho (Dalbulus maidis). O principal produto que temos à base de Isaria fumosorosea é o Octane, da Cepa 1296, da empresa Koppert.

             O uso desses biológicos não é voltado para o controle imediato da praga, como é o objetivo das aplicações de inseticidas, mas sim visando um controle mais lento, das populações de insetos que virá posterior a atual (ÁVILA et al., 2013).

Imagem 5: Representação de Dalbulus maidis infectada por Beauveria bassiana.

Fonte: A. H. da Silva (2020).

             Para realizarmos uma aplicação de biológico as condições devem ser favoráveis a estabilização da população e sua fixação na área, com temperaturas muito altas ou umidades muito baixas sendo fatores determinantes para a eficiência no controle realizado (ROHRIG, 2021).

             Muitas vezes o controle com inseticidas se dá mais eficiente em experimentos, mas um tratamento que vem crescendo muito é o uso de biológicos junto com produtos químicos, potencializando sua eficiência.

             Ao mesmo tempo que essa associação é benéfica para o controle da praga, devemos nos atentar aos produtos que são utilizados para que não ocorra a redução de seus efeitos pelo antagonismo tanto físico como químico. As condições que devemos nos atentar são: temperatura, concentrações e o pH da calda (este que deve estar entre 5 e 8,5) (KOPPERT, 2024).

             Cada uma dessas condições podem causar efeitos negativos para o funcionamento dos produtos biológicos, algo que devemos fazer é conferir antes das aplicações as compatibilidades de cada. Essa análise pode ser feita através do site e aplicativo desenvolvido pela empresa Koppert, denominado      Compatibilidade de Produtos, em que se seleciona o produto comercial da empresa e se escolhe um produto químico para conferir se a mistura é possível.

Imagem 6: Eficiência do controle da cigarrinha do milho em diferentes propriedades, com o controle químico, químico e sequencial biológico e químico.

Fonte: Wojahn (2023).

             O estudo apresentado acima mostra a eficiência de cada controle da cigarrinha do milho em diferentes propriedades, estas que variam de acordo com as condições climáticas como também pela presença ou não de irrigação. Com isso, conseguimos notar que o controle biológico é possível,

auxilia no manejo das pragas mas que precisa ser estudado corretamente para a melhor eficácia. Como podemos notar, o melhor manejo acabou por ser o químico, mas com o biológico surtindo efeito, sendo o mais interessante o manejo dos dois produtos em conjunto na mesma aplicação para o melhor controle.

             Com os dados obtidos pelos diferentes experimentos, conseguimos notar um efeito positivo no controle de Dalbulus maidis em diferentes eficiências. Mesmo ambos contribuindo para a eficácia do tratamento, o qual de fato irá ser o controle mais aplicado é o qual faz a junção de produtos químicos com biológico, prolongando seus efeitos e potencializando o controle da praga.

Autores: Gustavo de Britto (Marú-ki) e Gabriel Guerini (Boniño).

REFERÊNCIAS:

AEGRO. Fungos entomopatogênicos no controle de pragas. Blog da Aegro, ano. Disponível em: https://blog.aegro.com.br/fungos-entomopatogenicos-no-controle-de-pragas/. Acesso em: 30 nov. 2024.

AGROADVANCE. Os 5 maiores produtores de milho do mundo. AgroAdvance Blog, ano. Disponível em: https://agroadvance.com.br/blog-5-maiores-produtores-de-milho-do-mundo/. Acesso em: 30 nov. 2024.

BAYER. O que é preciso saber sobre a cigarrinha do milho. Agro Bayer, ano. Disponível em: https://www.agro.bayer.com.br/conteudos/o-que-e-preciso-saber-sobre-a-ciga rrinha-do-milho. Acesso em: 30 nov. 2024.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Milho: documento técnico. Brasília: MAPA, ano. Disponível em: https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/relacoes-internacionais/docume ntos/Milho.pdf. Acesso em: 30 nov. 2024.

ESPAÑA. Ministerio de Agricultura, Pesca y Alimentación. Boletín de Sanidad Vegetal Plagas, v. 35, n. 4, p. 657-664, ano. Disponível em: https://www.mapa.gob.es/ministerio/pags/biblioteca/revistas/pdf_plagas/bsvp_ 35_04_657_664.pdf. Acesso em: 30 nov. 2024.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA (EMBRAPA). Brasília: Embrapa, ano. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/231995/1/37279.pdf. Acesso em: 30 nov. 2024.

JUNIOR L.F.R. Performance de fungos entomopatogênicos no controle das principais pragas do milho em condições de cerrado. Dissertação (Mestrado) – Universidade de Rio Verde, 2020.

KOPPERT. Octane. Koppert do Brasil, ano. Disponível em: https://www.koppert.com.br/octane/. Acesso em: 30 nov. 2024.

PICANÇO, Marcelo Coutinho; GONRING, A. H. R.; OLIVEIRA, IR de. Manejo integrado de pragas. Viçosa, MG: UFV, 2010.

SILVA, J. A.; SILVA, F. F.; SOUZA, M. G. S. et al. Revista Caatinga.

USDA. Production commodity data. United States Department of Agriculture Foreign Agricultural Service, ano. Disponível em: https://fas.usda.gov/data/production/commodity/0440000. Acesso em: 30 nov. 2024.

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