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Informativo GEA

Manejo de fungicida na cultura do milho
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INTRODUÇÃO

             De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), a produção de milho na safra 23/24 foi de 115,72 milhões de toneladas. A expectativa de produtividade para a de 24/25 é de 122,76 milhões de toneladas. Isto é, espera-se um aumento de produção em torno de 6%.

Na atualidade, grande parte dessa produção é oriunda da segunda safra, ou comumente chamada de “safrinha”. Isto é, mesmo com o nome remetendo ao conotativo, a safrinha é responsável significativamente pela produção do cereal. Por outro lado, a expansão desse período de cultivo culminou na maior disseminação de doenças na cultura, sobretudo as foliares (Custódio et al., 2022).

             Nesse sentido, a utilização de fungicidas na cultura do milho tem sido um manejo cada vez mais comum, no entanto, não somente a eficácia dos fungicidas é um fator questionável, mas também a tecnologia de aplicação por trás deste manejo, dado que recorrentemente são relatados casos de fitotoxidez e de baixo nível de controle, tornando essa temática problemática no campo e, sobretudo, na confiança do produtor rural.

PRINCIPAIS DOENÇAS

             A doença popularmente conhecida como helmintosporiose, causada pelo fungo Exserohilum turcicum, também chamada de mancha de turcicum ou simplesmente “HT”, é característica de clima tropical, sendo favorecida pela ocorrência de elevada umidade e temperaturas amenas (SHURTLEEF, 1980; ULLSTRUP, 1952). Os sintomas se iniciam com lesões necróticas e manchas elípticas nas folhas do milho, com comprimento variando de 2,5 a 15 cm e coloração de verde-cinza a marrom, em híbridos mais suscetíveis (BALMER, 1980). Em híbridos tolerantes, as lesões são menores e cloróticas.

Figura 1: Sintomas de Exserohilum turcicum em híbridos suscetíveis de milho.

Fonte: Revista Cultivar, 2019.

             A mancha de turcicum é apenas uma das doenças que compõem o complexo de helmintosporiose; este, por sua vez, pode ser causado por três espécies: Exserohilum turcicum (como já citado anteriormente), Bipolaris maydis e Bipolaris zeicola (Helminthosporium carbonum) ().

             Os sintomas de Bipolaris maydis, também conhecida por mancha de bipolaris, são lesões elípticas de coloração palha a necróticas, de dimensão menor que as causadas por Exserohilum turcicum, uma vez que possuem em média 2,5 cm x 0,5 cm (CARREGAL, 2014).

Figura 2: Sintomas de Bipolaris maydis.

Fonte: Revista Cultivar, 2019.

             São conhecidas duas raças desse patógeno: a raça “O” que causa os sintomas descritos anteriormente, e a raça “T”, que causa lesões mais expressivas, de coloração necrótica com halos cloróticos (CARREGAL, 2014).

             Outra doença de atenção na cultura do milho é a mancha branca, ou mancha de feosféria, que possui como agentes etiológicos uma associação entre a bactéria Pantoea ananatis e o fungo Phaeosphaeria maydis (BORSOI et al., nd.). A doença é favorecida pela umidade relativa do ar elevada e por temperaturas amenas (15 a 20oC) (COSTA et al., 2011). Os sintomas são lesões circulares e encharcadas, com coloração verde clara, podendo ser circulares e elípticas, variando de 0,3 a 1,0 cm; normalmente iniciam pela ponta das folhas progredindo para a base (COSTA et al., 2011).

Figura 3: Mancha branca em milho.

Fonte: Agropecuária Catarinense, 2018.

             A ferrugem polissora é outra doença extremamente danosa à cultura do milho, podendo ocasionar mais de 50% de perdas em produtividade. Causada pelo fungo Puccinia polysora, prefere condições ambientais com temperatura entre 26 e 30oC e elevada umidade relativa (CASELA; FERREIRA, 2002). A doença tem sido predominante em regiões com altitude inferior a 700 metros e com predomínio de elevadas temperaturas e umidade relativa do ar (CASELA et al., 2006). Os sintomas consistem em pústulas pequenas sobre as folhas, de coloração vermelha-alaranjada, onde se encontram os urediniósporos, que são as estruturas de reprodução deste fungo (COSTA et al., 2010).

Figura 4: Sintomas de ferrugem-polissora com produção de pústulas na cultura do milho.

Fonte: Embrapa Milho e Sorgo, 2013.

​CONTROLE QUÍMICO

             Os resultados do experimento da figura 5 comparam a época de aplicação (V4 e/ou V8) de fungicidas para o controle preventivo de Bipolaris (Mochko, 2024).

             Analisando os resultados, observa-se que a maioria dos tratamentos com uma única aplicação em V4 garantiu maior produtividade do que uma única entrada em V8, a depender do produto utilizado. Por outro lado, os tratamentos de aplicação dupla (V4 e V8), obtiveram maior eficiência de controle, dado que quando feito em uma única entrada, certos tratamentos obtiveram “b” como resultado estatístico e todos de V4 e V8 estão com “c” estaticamente (Mochko, 2024).


Figura 5: Produtividade e eficácia de controle de Bipolaris em um cenário de baixa pressão

de doença.

Fonte: Fundação MS, 2024.

             Nesse sentido, observa-se que a associação de princípios ativos que se destacaram foram pidiflumetofen + difenoconazol e mefentrifuconazol + piraclostrobina. Ademais, importante ressaltar que nesse experimento em todos os tratamentos foram utilizados adjuvantes a base de óleo vegetal, como Mess, Aureo e Rumba, todos 0,5% do volume de calda (Mochko, 2024).

             Já a respeito do controle de mancha-branca ou mancha de feosféria, o experimento abaixo visou analisar a severidade da doença de acordo com cada tratamento. As aplicações foram feitas em V8, pré-VT e pré-VT + 15 dias (Custódio et al., 2020).

Figura 6: Severidade final (Sev final), severidade total (AACPD) da mancha branca e eficiência de controle (C) em cada tratamento.

Fonte: Custódio et al, 2020.

             Analisando os resultados, conclui-se que a associação de piraclostrobina + fluxapiroxade garantiu melhor controle sobre a doença. Por outro lado, a molécula fluazinam não possui um interessante posicionamento de controle, juntamente com a associação de piraclostrobina + epoxiconazol. Ademais, observa-se também que a carboxamida fluxapiroxade é a peça chave para o controle de mancha-branca (Custódio et al., 2020).

             O experimento abaixo (figura 7) analisou a eficiência de controle de manchas, como bipolaris e túrcicum, no milho safrinha, tanto no ano de 2021 quanto em 2022. Foram utilizados princípios ativos isolados e associados, sendo estes inibidores da biossíntese de esterol e metil benzimidazol carbamato. As aplicações foram feitas em três momentos, sendo V6/V8, V11 e R2 (Custódio et al., 2022).

 

Figura 7: Severidade final (sev), porcentual (%), severidade total (AACPD) das manchas de Bipolaris e túrcicum e eficiência de controle porcentual (%C) no tratamento.

Fonte: Custódio et al., 2022.

 

             Pelos resultados conclui-se que a mistura de piraclostrobina + fluxapiroxade + mefentrifuconazol proporcionou maior controle de ambas as manchas (Custódio et al., 2022).

APLICABILIDADE

             Visto a discussão do desenvolvimento das principais doenças do milho e as respectivas condições que potencializam o desenvolvimento, o posicionamento das moléculas no momento certo é de suma importância para garantir a produtividade e mitigar o desenvolvimento do patógeno. Nesse sentido, aplicações em V4, V8 e pré-VT têm sido cada vez mais adotadas no manejo fitossanitário da cultura do milho. Ademais, em casos de alta pressão de doenças, há a possibilidade de entrada após o pendoamento (Custódio et al, 2022; Madalosso, 2021).

             Ademais, como discutido, moléculas como triazóis, estrobilurinas e carboxamidas agregam no manejo, sobretudo as carboxamidas. Estas devem ser aplicadas de maneira preventiva, dado que atuaram somente na germinação do esporo e não atuará no processo de infecção do patógeno, inibindo a succinato desidrogenase, ou seja, atuando na respiração celular (Madalosso, 2021).

Figura 8: Timming de aplicação para as principais doenças no milho.

Fonte: Adaptado de Ciampitti; Elmore; Lauer, 2016.

 

CONCLUSÃO

             O milho é uma cultura de importância relevante no âmbito nacional e internacional, o que implica necessidade de manejo adequado. Quando ao manejo de doenças, pode-se concluir a ocorrência de inúmeras, como o complexo helmintosporiose, mancha branca, ferrugem polissora, entre outras.

             Visando o controle das doenças mencionadas neste informativo, a carboxamida fluxapiroxade, a estrobilurina piraclostrobina e os triazóis em geral, têm apresentado controle satisfatório das mesmas.

             A época de aplicação faz-se de suma importância, sendo o momento ideal aquele em que a doença mais se manifesta, podendo ser início, ou meio de ciclo.

             Por fim, o manejo racional de fungicidas na cultura do milho culmina em maiores produtividades, menor pressão de resistência de patógenos e menores danos ao meio ambiente.

Autores: Vitor Ferrari Sia (Bok-xêa) e Gustavo de Britto (Marú-ki).

REFERÊNCIAS

CUSTÓDIO, A. A. P. et al. Eficiência de fungicidas DMI e MBC no controle das manchas de Bipolaris e túrcicum do milho safrinha em 2021 e 2022. Sete Lagoas: Embrapa Milho e Sorgo, 2023. Disponível em: https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/handle/doc/1163694.

CUSTÓDIO, A. A. P. et al. Eficiência de fungicidas no controle da mancha branca do milho: segunda safra 2020. Londrina: Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – IAPAR-EMATER, 2021. (Boletim Técnico, 96). Disponível em:

https://www.idrparana.pr.gov.br/Pagina/BT-96-Eficiencia-de-fungicidas-no-controle-d a-mancha-branca-do-milho-segunda-safra-2020.

EQUIPE MAIS SOJA. Carboxamidas: o que são e quais os cuidados na sua utilização. Mais Soja, 8 maio de 2020. Disponível em: https://maissoja.com.br/carboxamidas-o-que-sao-e-quais-os-cuidados-na-sua-utiliza cao/.

FMS. REDE SÍTIO ESPECÍFICO E TIMMING. Portal do Associado FMS, Agosto de 2024. Disponível em: https://www.associadofms.com.br/#/dashboard/publicacoes/conteudos/ver?v=663&e xibir=1.

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