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Informativo GEA

Magnésio: problemáticas, fontes e posicionamentos
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1 INTRODUÇÃO

             Com o passar dos anos é possível notar a ascensão na produção agrícola por todo o país, com o avanço das tecnologias e uso de produtos agrícolas cada vez mais específicos. Houve uma nova demanda, produzir mais em menos áreas, pois cada vez mais se mostra difícil o aumento de áreas cultiváveis por conta de preservação ambiental e disputa com áreas urbanas.

             Tendo isso em vista, a produção agrícola passou a se aperfeiçoar para adentrar melhores padrões de produção voltados para uma maior produção em uma mesma ou menor área.

             De início é possível elencar o aumento de aplicações de corretivos de solos e da adubação de base para elevar os teores do solo. Esses teores são determinados como teores médios, sendo essenciais para que seja possível ter uma produção desejável através do bom suprimento dos nutrientes.

             No que tange a adubação, cabe-se os nutrientes. Estes elementos que, pelos critérios de essencialidade propostos por Arnon e Stout (1939), se mostram essenciais para a planta completar seu ciclo de vida. No caso, o magnésio se mostra como um nutriente da categoria dos macronutrientes secundários, juntamente com cálcio e enxofre.

Tabela 1: Teores médios IAC para o magnésio no solo.

Fonte: IAC (2011).

             Há diversas opiniões sobre os teores de magnésio no solo, muito também ligado a sua interação com outros nutrientes que será abordado nas problemáticas

de seu posicionamento. Em alguns casos é referido aos teores ideais com base na porcentagem de ocupação do elemento na CTC do solo, o que pode elevar bastante o teor considerado médio quando comparado com proposto pelo IAC (2011).

             No âmbito histórico, a adição de magnésio ocorre juntamente na correção do solo, com o calcário, dessa forma esse nutriente é disponibilizado para as plantas e posteriormente utilizado. Suas aplicações são as mais diversas, mas o que pode ser elencado é que com o decorrer dos anos houve um aumento na preocupação com os teores de magnésio no solo, com diferentes teores colocados como ideais de acordo com estudos teóricos e experimentos (CASTRO et al., 2020).

             Juntamente com outros nutrientes, algo que tem aumentado de relevância na agricultura são os ajustes finos nas culturas, esses ajustes se referem ao ajuste final das necessidades da planta, com o posicionamento de nutrientes em momentos específicos de acordo com a demanda do metabolismo da planta no estádio fenológico que se encontra.

             Como destaque a respeito do magnésio, este nutriente é considerado a molécula central da clorofila, desta forma, essencial para o funcionamento e aumento da capacidade fotossintética da planta. Ao decorrer do ciclo tem se popularizado bastante a aplicação de magnésio foliar em diversas entradas nas áreas, visando a melhora do aporte do nutriente nos locais que necessita para elevar a eficiência fotossintética e consequentemente elevar a produção de fotoassimilados que serão destinados ao enchimento do fruto (seja qual ele for, como grão de soja, de milho) e aumento consequente da produtividade (CASTRO et al., 2020).

             Porém, seu posicionamento pode ser das mais diversas maneiras, com fontes diferentes e a depender de como for aplicado pode se ter problemas nos demais produtos adicionados na calda. Esses e outros aspectos serão abordados ao longo deste texto para exemplificar melhor todas as melhorias mas também possíveis problemas que o posicionamento desse nutriente pode causar nas lavouras (CASTRO et al., 2020).

2 PROBLEMÁTICAS

             As possíveis problemáticas citadas englobam tanto os problemas que podem ocorrer no solo como também na aplicação foliar. No âmbito do solo, comenta-se a relação deste nutriente com o cálcio e potássio. De maneira geral, os solos do Brasil apresentam baixos teores de magnésio (Mg). Essa deficiência está relacionada tanto à natureza do material de origem, que contém pouca quantidade desse nutriente, quanto à atuação prolongada de processos pedogenéticos. Durante a formação do solo, esses processos promovem a lixiviação do magnésio, levando à sua remoção ao longo do tempo. O magnésio presente no solo está disponível principalmente na forma de cátion bivalente (Mg2+), estando disperso tanto na solução do solo quanto adsorvido nas cargas negativas do complexo de troca de cátions (CASTRO et al., 2020).

             A absorção de magnésio (Mg) pelas plantas pode ser significativamente prejudicada pela presença excessiva de outros nutrientes no solo, especialmente quando há desequilíbrio em relação ao cálcio (Ca2+), manganês (Mn2+/Mn4+), amônio (NH4+) e potássio (K+). Esse efeito competitivo foi relatado por diversos autores (MENGEL & KIRKBY, 1978; HEENAN & CAMPBELL, 1981; BERGMANN, 1992; KURVITS & KIRKBY, 1980). Além disso, em solos com pH muito ácido (em torno de 4,5 ou inferior), a elevada atividade de íons H+ também compromete a disponibilidade de Mg (MARSCHNER, 2012).

             Esse tipo de deficiência induzida por competição entre cátions é frequente, sobretudo em situações em que práticas de calagem e adubação são mal conduzidas. Um exemplo claro é o desequilíbrio na proporção entre potássio e magnésio (relação K/Mg), que pode intensificar a competição e reduzir ainda mais a absorção de Mg pelas plantas, devido a série liotrópica de absorção pelas plantas desses elementos, que é: Ca2+>Mg2+>K+, então caso essa relação entre potássio e magnésio esteja maior (maiores teores de K no solo), reduz-se a absorção de Mg pelas plantas, gerando deficiência. Por isso, é essencial monitorar não apenas os níveis de Mg no solo, mas também seu equilíbrio em relação aos demais nutrientes, para evitar carências causadas por interações negativas entre íons oriundos do manejo inadequado.

             O motivo de ocorrer essa interação entre esses nutriente se dá pela dinâmica de absorção pela planta, pela tendência de cada um pela série liotrópica catiônica, o

cálcio seria o de maior preferência, seguido do magnésio e por último o potássio, mas isso não ocorre de fato. Dos nutrientes disponíveis no solo, a preferência que ocorre é também influenciada pelos mecanismos de absorção de cada um deles, o potássio tem canais específicos de absorção e também não específicos, fato que leva a este nutriente ter uma absorção contínua e sem ser interrompida por outros nutrientes. O cálcio e magnésio são absorvidos apenas por canais não específicos, sendo nesse canal em específico prevalecendo a série liotrópica catiônica, em que o cálcio tem preferência de absorção quando comparado com o potássio. No final, há uma relação em que o potássio é absorvido sem competições expressivas, mas o cálcio e magnésio competem (MARSCHNER 'S, 2012).

             Para evidenciar essa interação debilitada entre os nutrientes, foi realizado um experimento que mostra a diferença da absorção de magnésio pela planta em diferentes situações, com o fornecimento apenas do magnésio, outra de magnésio com cálcio e uma terceira de magnésio, cálcio e potássio, em que nota-se a redução na taxa de absorção de magnésio a medida que os demais que interagem com ele são adicionados (MARSCHNER 'S, 2012).

Tabela 2: Diferença na absorção de magnésio (Mg) pelas plantas com adição de diferentes nutrientes.

Fonte: Marschner (2012).

             Quando a razão entre os teores trocáveis de cálcio e magnésio em relação ao potássio (Ca + Mg)/K é inferior a 20, a elevada concentração de K no solo tende a intensificar a competição pela absorção de cátions. Nesse cenário, o magnésio é mais afetado do que o cálcio, sofrendo uma inibição mais pronunciada em sua absorção pelas plantas (OLIVEIRA et. al., 2001).

             Partindo para uma abordagem prática, a maior problemática é a interação de diferentes fontes de magnésio com a calda de aplicação. A aplicação de magnésio foliar tende a sempre aumentar as produtividades, porém é necessário tomar alguns cuidados ao falar sobre compatibilidade com outros produtos, pois pode sim ser um problema. A respeito da utilização do sulfato de magnésio com fungicidas, que usualmente é feita essa mistura pela capacidade de operacional nas fazendas, que impossibilita aplicação separada, além do custo maior. Nessa linha de raciocínio, o fungicida Fox X Pro (protioconazol + trifloxistrobina + bixafen) é um dos únicos que não apresenta essa incompatibilidade química. Além disso, a utilização de produtos EC, isto é, concentrado emulsionável, ocorre incompatibilidade química com o sulfato de magnésio também, dado que é um sal.

             Em suma, os problemas ocasionados pelo manejo de magnésio se dá pela sua dinâmica no solo, sendo o mais defasado no âmbito de absorção, além de possíveis problemas de incompatibilidade química e por último física de caldas de aplicações, sendo um problema no posicionamento com a adição de outros na calda.

3 FONTES

             Passando a falar sobre as fontes desse macronutriente, há duas principais formas de aplicações dessas fontes, a depender de formulações e concentrações, mas as principais fontes a serem citadas são as apresentadas abaixo. A principal fonte de Mg para o manejo da fertilidade do solo é a dolomita - CaCO3 .MgCO3 (SLATER, 1952; TISDALE ET AL., 1985; SOUSA ET AL., 2007; RAIJ, 2011).

Figura 1: Principais fontes e concentrações de magnésio em cada uma delas.

Fonte: Embrapa, 2020.

 

Figura 2: Outras fontes e suas características intrínsecas de cada uma.

Fonte: Adaptado de Brasil, 2018.

4 POSICIONAMENTOS

             Falando sobre os posicionamentos que esse elemento pode ter, pode-se citar diversas formas e culturas, pois como dito anteriormente, o magnésio é um nutriente, sendo essencial para todas as plantas se desenvolverem.

             Primeiramente falando sobre café, há como exemplo a aplicação em pré plantio, após a abertura do sulco, com uma fonte de magnésio como o Yoorin (18% de P2O5) na linha de plantio, que é um fertilizante de liberação moderada, possuindo em sua composição fluorapatita (contém enxofre), magnésio e silicatos (escória siderúrgica), e o magnésio pensando na translocação melhorada de P.

             Na soja, além do manejo de correção do solo, visa-se com maior enfoque os ajustes finos, que seriam os fertilizantes aplicados via folha. Para isso existem alguns produtos comerciais, que possuem como principal fonte o sulfato de magnésio.

             Quando refere-se ao seu uso, ainda há impasses pelos produtores e técnicos, sendo uma prática que está em crescimento mas não são todos que notam uma alteração significativa ou a necessidade real de se adicionar o magnésio foliar ao manejo. Quando fala-se sobre o uso de magnésio foliar no algodão, cultura que é comum realizar diversas entradas na área ao longo do ciclo, alguns produtores citam o uso de até 10 kg de sulfato de magnésio (0,9 kg de Mg) em manejos visando altas produtividades, parcelado em várias aplicações, sendo comum a entrada de 1 kg de sulfato de magnésio por vez.

             A principal adição de magnésio ao sistema ocorre por meio de corretivos de solo, com destaque aos diferentes tipos de calcário, que principalmente se diferenciam pelas concentrações de magnésio neles, o calcário calcítico, magnesiano e dolomítico, este que apresenta a maior concentração de magnésio em sua constituição.

Autores: Gabriel Guerini (Boniño) e Henrique Mourani (Tombadu).

 

5 REFERÊNCIAS

César de Castro... [et al.]. Magnésio: manejo para o equilíbrio nutricional da soja / Londrina : Embrapa Soja, 2020. 54 p. - (Documentos / Embrapa Soja, ISSN 2176-2937 ; n. 430).
NUTRIÇÃO DE SAFRAS. Magnésio nas plantas: qual a importância desse nutriente? [S. l.], 25 maio 2023. Disponível em: https://nutricaodesafras.com.br/a-importancia-do-magnesio-para-as-plantas. Acesso em: 22 maio 2025.

VERDE AGRITECH. Qual é a função do magnésio nas plantas? Blog Verde, [S. l.], 25 maio 2023. Disponível em: https://blog.verde.ag/pt/nutricao-de-plantas/qual-e-a-funcao-do-magnesio-nas-plantas/. Acesso em: 22 maio 2025.

YARA BRASIL. Magnésio para que serve: desvendando seus benefícios na agricultura. Yara Brasil, [S. l.], 30 jan. 2024. Disponível em: https://www.yarabrasil.com.br/conteudo-agronomico/blog/magnesio-para-que-serve-desvend ando-seus-beneficios-na-agricultura/. Acesso em: 22 maio 2025.

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